up:: 011a MOC Capital I

“Do mesmo modo como, para a compreensão do valor em geral, é indispensável entendê-lo como mero coágulo de tempo de trabalho, como simples trabalho objetivado, para a compreensão do mais-valor é igualmente indispensável entendê-lo como mero coágulo de tempo de trabalho excedente, como simples mais-trabalho objetivado.” (MARX, p. 293)

Enquanto o Valor da Força de Trabalho é o Valor gerado durante o Tempo de Trabalho Socialmente Necessário no Modo de Produção Capitalista, o mais-valor é o valor gerado durante o Tempo Excedente de Trabalho.

Ou seja, é um excedente que é apropriado pelo capitalista durante o processo de produção de Mercadorias, após pagamento da Força de Trabalho. Em outras palavras, é uma espécie de “trabalho grátis” que é apropriado pelo capitalista1, posto que o pagamento dos meios de subsistência do trabalhador já são compensados em menos tempo do que a jornada de trabalho inteira.

Obtenção de mais-valor

“O capital, portanto, não é apenas o comando sobre o trabalho, como diz A. Smit. Ele é, em sua essência, o comando sobre o trabalho não pago. Todo mais-valor, qualquer que seja a forma particular em que ele mais tarde se cristalize, como o lucro, a renda etc., é, com relação à sua substância, a materialização [Materiatur] de tempo de trabalho não pago. O segredo da autovalorização do capital se resolve no fato de que este pode dispor de uma determinada quantidade de trabalho alheio não pago.” (MARX, p. 602; grifo meu)

Há duas formas de se obter mais-valor: a extensão do mais-trabalho (mediante trabalho socialmente necessário constante), pelo qual obtém-se o que Marx chama de Mais-Valor Absoluto, e o aumento da proporção de mais-trabalho com relação ao trabalho socialmente necessário (mediante Jornada de Trabalho constante), pelo qual obtém-se o que Marx chama de Mais-Valor Relativo.

Os limites físicos e socio-políticos ao mero aumento da jornada de trabalho induzem o capitalista a obter “o que lhe é de direito” de outras formas, aumentando sua produtividade por inovações técnicas/tecnológicas, levando aos regimes de Cooperação, Manufatura e, por fim, Maquinaria, no qual o Capital subsume o trabalhador em seu processo.


Referências

  • MARX, Karl. O Capital. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.

Footnotes

  1. Salvo pagamento de horas extras, que certamente também não ressarcem completamente o tempo extra trabalhado.