up:: 011a MOC Capital I
“Essencialmente, ele é a relação social que exclui a força de trabalho da propriedade dos meios de produção e a inclui no processo de valorização como um recurso subordinado.” (GRESPAN, p. 49; grifo meu)
O capital é uma forma de produção específica (Processo de Produção Capitalista), na qual os geradores de Valor1 são empregados de maneira subordinada (sob regime de trabalho assalariado), e na qual a propriedade dos Meios de Produção é privada (ou seja, excludente, não-comunitária); os detentores desses meios de produção são chamados de “capitalistas”.
O Processo de Produção Capitalista apropria-se do Processo de Trabalho Útil, que é gerador de Valores de Uso, e torna-se “capital” no que Marx chama de Processo de Valorização, no qual apropria-se do Mais-Valor gerado pelo Tempo Excedente de Trabalho em que emprega Força de Trabalho. É justamente por esta apropriação que “capital” não é meramente o Ciclo D─M─D, e sim Ciclo D─M─D’.
“Esse ciclo inteiro, a transformação [do] dinheiro em capital, ocorre no interior da esfera da circulação, porque é determinado pela compra da força de trabalho no mercado. Mas ocorre fora da circulação, pois esta [a esfera da circulação] apenas dá início ao processo de valorização, que tem lugar na esfera da produção.” (MARX, p. 271; grifo meu)
Formas de manifestação
“Meios de produção, de um lado, e força de trabalho, do outro, não são mais do que diferentes formas de existência que o valor do capital originário assume ao se despojar de sua forma-dinheiro e se converter nos fatores do processo de produção.” (MARX, p. 286)
O capital manifesta-se, no campo da produção, em duas formas:
- Capital Constante, que constitui as componentes do valor a ser produzido, mas que não o alteram (representada em formas de trabalho pretérito/“morto”); ou seja, pode tratar-se de Matéria-Prima e Meios de Produção
- Capital Variável, que constitui as componentes que incutem (mais-)valor no processo de produção (representada pela força de trabalho, trabalho “vivo”)
Relação entre capital e mais-valor
“Mas o capital tem um único impulso vital, o impulso de se autovalorizar, de criar mais-valor, de absorver, com sua parte constante (que são os meios de produção) a maior quantidade possível de mais-trabalho.
O capital é trabalho morto, que, como um vampiro, vive apenas da sucção de trabalho vivo, e vive tanto mais quanto mais trabalho vivo ele suga.” (MARX, p. 307, grifo meu [como sempre])
O capital, sendo mera relação social, não pode, por si só, criar Mais-Valor; ele pode criar todas as condições que o permitam extrai-lo2, mas o mais-valor em si é produzido pela força de trabalho, esta sim o verdadeiro criador de valor no Processo de Produção Capitalista.
Tal produção de mais-valor está associada à circulação somente porquanto depende da aquisição de força de trabalho, mas a geração do mais-valor em si somente ocorre durante o processo de produção de Mercadoria (em particular no Processo de Valorização), quando coloca tal força de trabalho recém-adquirida para gerar valor além de seu valor próprio (o qual embolsa como mais-valor).
Referências
- MARX, Karl. O Capital. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.
- GRESPAN, Jorge. Marx: uma introdução. Boitempo Editorial, 2021.
Footnotes
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I.e. os trabalhadores que vendem suas capacidades como a Mercadoria “Força de Trabalho”. ↩
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Seja por formas cada vez mais sofisticadas, como submetendo a força de trabalho a Cooperação, Manufatura e, por fim, subordinação à Maquinaria. ↩