up:: 011b MOC Capital II
Neste ciclo, ao contrário do Ciclo do Capital-Dinheiro, é a circulação que aparece como a mediadora da produção.1 Em símbolos, pode ser descrito como:
Neste ciclo, ao contrário do ciclo do capital-dinheiro, se faz necessário indicar qual parte de — pois veio de uma produção prévia — será reinvestido no (próximo) processo de produção. Logo, pode-se destrinchar este diagrama para que fiquem claros os consumos produtivos e improdutivos.2
Pressupondo uma Reprodução Simples do Capital, o ciclo do capital produtivo aparece como os Ciclos M—D—M e m—d—m, ou seja, circulação simples de mercadorias! Dessa forma,
“torna-se fácil conceber o processo capitalista de produção, como o faz a economia vulgar, como simples produção de mercadorias, de valores de uso destinados a um tipo qualquer de consumo, que o capitalista só produz para substitui-los ou trocá-los por mercadorias de outro valor de uso, conforme erroneamente se afirma na economia vulgar” (MARX, p. 148; grifo meu)
Portanto, concluir-se-ia que a produção ocorre meramente em função da circulação!
Forma alternativa de separação de mais-valor
Pode-se escrevê-lo também da seguinte forma: seja a porcentagem de que será reinvestida no próximo ciclo.3 Ou seja,
O diagrama original ficaria assim:
de onde fica explícito que cumpre a Reprodução Simples do Capital e permite a Reprodução Ampliada do Capital (caso ), e em que , uma parcela do mais-valor produzido, pode ser consumida improdutivamente4, sem prejudicar a (re)produção (simples ou ampliada) deste capital.
Tal separação dos “espólios de guerra” do capitalista somente podem ser feitos concretamente quando ele efetiva o valor que produziu, a Mercadoria “prenhe de mais-valor” , que pode ser separada em somente5 idealmente. É somente (em geral) quando se transforma em Capital-Dinheiro que o capitalista consegue separar a parte do valor a reinvestir, e a parte a usufruir no conforto de seu lar, tão-tão-distante de sua fábrica.
Referências
- MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. Livro 2: O processo de circulação do capital. Boitempo Editorial, 2014.
- Livro II Capítulos I ao IV Ciclos do capital - Leituras d’O Capital (UFPR)
Footnotes
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No caso, é a mediadora de dois polos formalmente iguais da produção, porém, na realidade, trata-se do final de um processo () e o começo do processo da produção posterior (denotado também, formalmente, como ). ↩
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Sim, foi um saco fazer esse diagrama. ↩
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Pressupondo, claro, que a produção capitalista ocorra normalmente, i.e. que o capitalista consiga reproduzir o Valor inicialmente investido, mais um Mais-Valor , que consiga efetivá-los em sua venda etc. etc. ↩
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” é circulação simples de mercadorias, cuja primeira fase, , está incluída na circulação do capital-mercadoria e, portanto, no ciclo do capital; já sua fase complementar, [], ao contrário, fica de fora desse ciclo, como fase separada dele no interior da circulação geral de mercadorias. A circulação de e , do valor de capital e do mais-valor, cinde-se após a transformação de em .” (MARX, p. 146; grifo meu) ↩
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No caso específico que as mercadorias produzidas sejam “granulares” o suficiente para que se possa separar unidades delas de acordo com e , podem ser separadas concretamente. Porém, o caso geral é de que isso não é possível: p. ex. o mais-valor produzido correspondente à parcela de uma máquina, que precisa (obviamente) ser vendida inteira (cf. MARX, p. 145-6). ↩