up:: 011b MOC Capital II // Capital

“Capital [dinheiro], capital-mercadoria e capital produtivo não designam aqui, portanto, tipos autônomos de capital, cujas funções constituam o conteúdo de ramos de negócio igualmente autônomos e separados entre si. Designam, nesse caso, apenas formas funcionais específicas do capital industrial, formas que este assume uma após a outra.” (MARX, p. 131; grifo meu)

“A circulação de mercadorias lhe serve [ao capital], no primeiro estágio, para que [o capital] assuma a forma sob a qual pode funcionar como capital produtivo; no segundo estágio, para eliminar a função de mercadoria na qual o capital não pode renovar seu ciclo e, ao mesmo tempo, para lhe dar a possibilidade de separar seu próprio ciclo de capital da circulação do mais-valor por ele criado.” (Ibid., p. 138)

Para que o Capital consiga efetivar seu Conteúdo de extrair cada vez mais Mais-Valor, ele precisa estar em movimento, o que quer dizer que precisa estar constantemente mudando de Formas.

Assume a forma de Capital-Dinheiro para que possa adquirir (na circulação) Meios de Produção e Força de Trabalho, Mercadorias necessárias para a produção, i.e. sai da esfera da circulação; neste fazer, assume a forma de Capital Produtivo, no qual usufrui produtivamente de suas mercadorias e produz mercadorias “prenhes de mais-valor”, que precisam ser vendidas para que aproprie-se dele; neste fazer, assume a forma de Capital-Mercadoria, que requer que a mercadoria produzida seja vendida, para que seu (mais-)Valor seja efetivado — na Forma-Dinheiro, pronta para ser reinvestida1. E o ciclo continua enquanto puder.

Enquanto estiver em movimento, é capital. Quando não estiver em movimento, não é capital; é capital latente.

“O ciclo do capital só se desenrola normalmente enquanto suas distintas fases se sucedem sem interrupção2. Se o capital estaciona na segunda fase , o capital [dinheiro] se enrijece como tesouro; se estaciona na fase da produção, tem-se, de um lado, que os meios de produção restam desprovidos de qualquer função, e, de outro, que a força de trabalho permanece ociosa3; se estaciona na última fase , as mercadorias não vendidas e acumuladas bloqueiam o fluxo da circulação.” (MARX, 2014, p. 132)


Referências

  • MARX, Karl. O Capital. Crítica da economia política. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.
  • MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. Livro 2: O processo de circulação do capital. Boitempo Editorial, 2014.

Footnotes

  1. No mínimo para Reprodução Simples do Capital; caso (parte de) o mais-valor seja reinvestido, Reprodução Ampliada do Capital.

  2. Na medida do possível, claro, pois (cf. parágrafo seguinte à citação acima) “é natural que o próprio ciclo se encarregue de imobilizar o capital, por certo tempo, nas fases singulares do processo” (ibid.). Cf. Tempo de Circulação do Capital Industrial.

  3. Marx fala, no livro I, do caso de um capitalista que reclama que os trabalhadores, ao reivindicarem momentos de lazer fora do trabalho, ao “abandonar a fábrica, [tornam] inútil um capital [uma máquina] que custou £100.000” (MARX, 2013, p. 478)