up:: Valor
“O valor da força de trabalho, como o de todas as outras mercadorias, é determinado pelo tempo de trabalho necessário para a produção – e, consequentemente, também para a reprodução – desse artigo específico. Como valor, a força de trabalho representa apenas uma quantidade determinada do trabalho social médio nela objetivado. A força de trabalho existe apenas como disposição do indivíduo vivo. A sua produção pressupõe, portanto, a existência dele. Dada a existência do indivíduo, a produção da força de trabalho consiste em sua própria reprodução ou manutenção. Para sua manutenção, o indivíduo vivo necessita de certa quantidade de meios de subsistência. Assim, o tempo de trabalho necessário à produção da força de trabalho corresponde ao tempo de trabalho necessário à produção desses meios de subsistência, ou, dito de outro modo, o valor da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência necessários à manutenção do seu possuidor.” (MARX, p. 245; grifo meu)
O valor da Força de Trabalho consiste no valor das Mercadorias1 que permitem sua produção e reprodução. Ou seja, consiste no valor necessário de ser produzido para que haja força de trabalho no nível médio socialmente esperado.
Sua manifestação em Dinheiro dá o Preço da Força de Trabalho.
Consiste nos meios de subsistência médios do trabalhador, possuindo portanto “um elemento histórico e moral”, posto que tratam-se “do indivíduo [humano] vivo”:
“As próprias necessidades naturais, como alimentação, vestimenta, aquecimento, habitação etc.2, são diferentes de acordo com o clima e outras peculiaridades naturais de um país. Por outro lado, a extensão das assim chamadas necessidades imediatas, assim como o modo de sua satisfação, é ela própria um produto histórico e, por isso, depende em grande medida do grau de cultura de um país, mas também, entre outros fatores, de sob quais condições e, por conseguinte, com quais costumes e exigências de vida constituiu-se a classe dos trabalhadores livres num determinado local.” (MARX, p. 246; grifo meu)
Isto é imediato, por exemplo, pelos custos com internet que se tornaram necessários, em particular, à classe trabalhadora como um todo ao longo do tempo, mas que não eram “normais”/generalizados há décadas atrás.
Relação com processo de produção
No Processo de Produção Capitalista, o valor da força de trabalho corresponde ao Tempo de Trabalho Socialmente Necessário de sua produção, sendo a parcela (ou “custo”) mínima na composição do valor de mercadorias produzidas pelo trabalhador. Porém, o capitalista que produz exclusivamente o valor de sua força de trabalho3 não produz Mais-Valor, portanto, não produzindo Capital de fato.
É somente através do Tempo Excedente de Trabalho que o capital consegue expandir-se, no qual produz Mais-Valor, seja através do aumento do tempo excedente4 ou através do barateamento eventual dos meios de subsistência da força de trabalho – i.e. diminuindo o valor da força de trabalho e, portanto, sua parcela no valor das mercadorias por ela produzidas – através da percolação das inovações tecnológicas pela sociedade (Mais-Valor Relativo).
Referências
- MARX, Karl. O Capital. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.
Footnotes
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Más bien, das Cestas de Bens. ↩
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Michael Löwy chama essas necessidades de “necessidades bíblicas” (por serem intrínsecas ao ser humano), cf Michael Löwy: Decrescimento ecossocialista, projeto para o futuro e estratégia de luta aqui e agora - Viomundo. ↩
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Assumindo Princípio da Troca de Equivalentes. ↩