Leituras d’O Capital─ Cap 8 & 9 ─ Jornada de Trabalho e Massa de Mais-Valia

Summary: Jornada de Trabalho

Divide-se em duas partes:

Misconception: Trabalhador “produz o próprio salário”

Não se tem que o trabalhador reproduz justamente o salário para sobreviver; ele gera a mercadoria específica de seu ramo de trabalho, os quais vão ser trocados pelo equivalente (em dinheiro) em valor de sua força de trabalho. Ou seja, ele gera o equivalente ao valor de sua força de trabalho, mas o produz na forma de mercadorias específicas de seu ramo; não produz o dinheiro com que vai ser pago! Este vai vir da venda das mercadorias que produziu.

Limites mínimos da jornada de trabalho

  • Não pode ser só o tempo necessário, pois o capitalista não ganharia lucro!
    • Tem que ser no mínimo o tempo necessário, mais algum tempo excedente

Limites máximos da jornada de trabalho

  • Dados pelas condições físicas e morais^[Questões psicológicas (atividades que reproduzam a força de trabalho do ponto de vista psicológico). ] da força de trabalho
    • Não pode durar 24h por dia, pois a força de trabalho tem de ser re-produzida pelo trabalhador: ele precisa de repouso, de lazer, de reproduzir-se para perpetuar a existência de trabalhadores ao mercado etc.

Brigas de direitos de propriedade à força de trabalho

  • Trabalhador exige tratamento justo com relação ao seu pagamento
  • Capitalista tende a crer que “paguei, uso como quero”, de ver a força de trabalho meramente como uma mercadoria que comprou, e cujo valor de uso pode usufruir como bem lhe aprouver
    • Sua tendência é de utilizar suas máquinas de forma óptima (posto que sempre estão se desgastando) ─ sejam estas máquinas inorgânicas ou orgânicas

Taxa de mais-valor (em um dado período de tempo)

É um excedente do valor que não é pago ao trabalhador, no capitalismo; no socialismo, tal excedente de valor é apropriado diferentemente, de maneira comunal.

Taxa de lucro (relação entre extração de trabalho excedente com capital total empregado)

Tal taxa é “mistificadora”, pois parece que tal mais-valor obtido advém indistintamente dessas duas partes: do capital constante e do capital variável; parece que o C é um gerador de valor tanto quanto suas partes constituintes e , enquanto somente a força de trabalho gera, realmente, valor.

Massa de mais-valor

É o valor absoluto de mais-valor obtido, a partir de trabalhadores.

Calculando taxa de mais-valia na prática

Dado um balancete de uma fábrica (tendo em conta termos contábeis empregados em empresas):

  • se tiver massa salarial paga para trabalhadores produtivos/improdutivos, podemos fazê-lo: precisamos somente dos produtivos: dá o valor
  • a mais-valia é todo trabalho excedente produzido (essencialmente o lucro bruto): inclui impostos ainda não pagos ainda, juros do financiamento não pagos ainda

Taxa de mais-valor depende de:

  • Desenvolvimento técnico da fábrica (técnica da produção)
  • Rigor e “ética” do processo produtivo dentro de uma fábrica (intensidade/eficiência do processo de trabalho)
    • Exemplo de PLR: Forma de controle do trabalho para que ele aumente produtividade espontaneamente e aumente o mais-valor produzido (uma fração da qual é ressarcida como PLR)

Divisão sexual do trabalho gera mais-valor? Capítulo 13, item 3.A

”Parece” que Marx deveria aprofundar a questão de força de trabalho: quanto ao trabalho reprodutivo, há um conceito que já está incorporado no conceito de força de trabalho. Alguns o veem como “trabalho grátis”, em que o capitalista obtém mais mais-valor que dos homens; não parece que é isso (pela professora). É preciso entender o que é valor da força de trabalho, e como o valor do trabalho reprodutivo está incluso nisso.

Sobre como tais conceitos são apropriados e aplicados pelos capitalistas (sendo que “não o sabem”)

Capítulo 17: Seção de salários: O salário é a forma mistificada do valor da força de trabalho, pois parece que o trabalhador recebe “pela jornada inteira”.

A lei geral da acumulação capitalista: O capitalista cresce com composição do capital crescente, quando elas investem, compram mais máquina do que compram força de trabalho cria um reservatório de força de trabalho (exército industrial de reserva), o qual regula o nível dos salários: o salário pode ser igual, maior ou menor que o valor da força de trabalho, dependendo de quantas pessoas estão nesse “exército”.

Ex. Médicos, são muito poucos, e por isso ganham mais por seu trabalho. O exército de reserva está no negativo, e portanto seu salário está em alta. Vice-versa para empregos muito comuns, e salários baixos.

Cálculo do salário mínimo pelo DIEESE: R$ 6000!!!

Diferença entre trabalho produtivo e produtividade

Trabalho produtivo: produz valor, seja físico/palpável ou não (como análise de dados, ou pesquisa científica etc).
Produtividade: conceito mais econômico, de ver “quanto produzi por hora, ou por mês etc”.

Modelo da Wise-Up

Contrata trabalhador de PJ (tira encargos seletistas), e não tem hora pra trabalhar nem dia: é em sua mão. Mas ela diz: “vocÊ tem 6 meses, nos 2 primeiros meses faça tantas vendas”. Não há salário, para cada venda há um preço que se ganha. Quanto mais se vende, mais se ganha.

Capítulos do Marx de Salário por tempo e salário por peça: o controle do processo de trabalho está sobre os ombros do trabalhador; tal flexibilidade é uma ilusão.

0-hour contract: não há jornada de trabalho, vocÊ controla o quanto produz. Se vocÊ trabalhar, vocÊ ganha; senão, não. Ilusão de que “se ganha pelo que se trabalha”, e de não ganhar pelo que não se ganha.

”A remuneração por peça é a melhor forma de mistificação do salário, posto que se sente que só se ganha por peça, invés de pelo valor da força de trabalho”, segundo Marx.

Exemplo: Zara e trabalho escravo, e o salário por peça. Trabalhadoras estrangeiras que relatavam que trabalhavam 18/20 horas por dia para produzir a quantidade de peças (dentro dos padrões de qualidade da empresa!) correspondente a um salário para sobrevivência.

Caso de empreendedorismo e de “tempo necessário somente”

Contratação de PJ invés de CLT: muda somente no tocante a falta de direitos trabalhistas; se está sendo assalariado de uma forma que ludibria mais.

Pequeno capitalista

Com o empreendedorismo, é diferente: tem o caso de “se lançar como um capitalista”, de abrir o próprio negócio. Quando se contrata força de trabalho, se é um capitalista; pode ser pequeno, mas é um capitalista, pois busca valorizar seu próprio capital. Contratar um trabalhador doméstico, em si, não é capital (a não ser que seja, e.g., em uma empresa, em que se gere valor)

O capitalista pode ou não trabalhar em seu próprio negócio: pode contratar um gerente, ou ser o próprio gerente. Pode ser um gerente de produção, onde é um trabalhador produtivo segundo Marx, ou não. Mas os trabalhadores que ele contrata podem ser trabalhadores produtivos, e nesse caso haverá tempo etc.

Trabalhador autônomo

Ou então um empreendedor no sentido de trabalhador autônomo: “trabalhar por conta própria”. Interpretação da prof: trabalhadores uberização são mais penalizados em geral que trabalhadores assalariados; mesmo não produzindo mais valia, dificilmente sua remuneração chega à sua força de trabalho precisam fazer jornadas mais extenuantes.

Eles não vendem sua força de trabalho; vendem uma mercadoria específica. Ubers vendem o transporte; entregadores entregam comida (e nesses casos ganham menos que o valor de fato, suponho…?). Tais valores que recebem ainda estão sendo mediados pelo capitalista responsável (e portanto recebem menos que o valor próprio).

O Estado é capitalista?

O Estado não é um capitalista; é um escritório da classe capitalista (segundo Marx). Sua natureza não é “valorizar o capital”; a relação entre o funcionário público e governo não é de um trabalhador com um capitalista.

Trabalho improdutivo trabalho inútil

Trabalho improdutivo: não produz mercadoria ou no qual o trabalhador não estabelece assalariamento com capitalista.

Trabalho produtivo: produz mercadoria & tem relação de assalariamento com capitalista (ou seja, é produtivo se gerar mais-valor!!)

Ex de professores:

  • Professor produtivo: produz aula (conhecimento etc)
  • Servidor público: não possui relação assalariada com um capitalista (é improdutivo)
  • Autônomo: não tem tal relação (é improdutivo)

Professor só é trabalho produtivo se for contratado por uma empresa privada.

Há caso que tem assalariamento mas não produz mercadoria: comércio (só circula mercadorias, não as produz) e bancos (circulam dinheiro, que são mercadorias também). Bancos não vendem “produtos”: vendem dinheiro, ou coisas associadas a dinheiro (seguros, crédito, empréstimo, etc).


Referências