up:: 011a MOC Capital I

“Só é produtivo o trabalhador que produz mais-valor para o capitalista ou serve à autovalorização do capital.” (MARX, p. 578)

A noção de trabalho produtivo está associada ao Processo de Produção Capitalista, em que produz-se Mercadorias. Conforme avança a Divisão do Trabalho, o trabalhador produtivo não trata-se mais do indivíduo, mas do trabalhador coletivo.

“O produto, que antes era o produto direto do produtor individual, transforma-se num produto social, no produto comum de um trabalhador coletivo, isto é, de um pessoal combinado de trabalho [gemeinsame Produkt eines kombinierten Arbeitspersonal], cujos membros se encontram a uma distância maior ou menor do manuseio do objeto do trabalho. (…) Para trabalhar produtivamente, já não é mais necessário fazê-lo com suas próprias mãos; basta, agora, ser um órgão do trabalhador coletivo, executar qualquer uma de suas subfunções.” (MARX, p. 577; adendo meu)

Tal caráter começa a apresentar-se concretamente a partir do desenvolvimento da Manufatura:

“O que caracteriza (…) a divisão [manufatureira] do trabalho? Que o trabalhador parcial não produz mercadoria. Apenas o produto comum [“assembled”] dos trabalhadores parciais converte-se em mercadoria.1” (MARX, p. 429; grifo e adendo meus).

Dessa forma, o processo capitalista ainda trata-se de apropriar-se de Matérias-Primas e de Meios de Trabalho a fim de satisfazer necessidades humanas – porém, agora seu sujeito não é mais o trabalhador individual (Teilarbeiter), mas o trabalhador coletivo/combinado (kombinierte), cujos “órgãos” compõem-se de braços humanos e, principalmente, braços mecânicos.

O trabalho produtivo é uma categoria particular ao capitalismo

Embora tenha se desenvolvido sobre o conceito natural de Trabalho, torna-se algo particular: o capitalista “quer produzir não só um valor de uso, mas uma mercadoria; não só valor de uso, mas valor, e não só valor, mas também mais-valor” (MARX, p. 263; grifo meu). Torna-se meio não (somente) de satisfação de necessidades humanas, sino que torna-se meio de apropriação de trabalho alheio2, forma de ampliação de geração de mais-valor.

Pode-se ver que é algo particular ao capitalismo, pois as categorias que descrevem-no são particulares desse modo de produção (historicamente determinado): Jornada de Trabalho, Tempo Excedente de Trabalho, mais-valor, etc. São conceitos que, caso usados para épocas passadas, tornam-se anacrônicos.


Referências

  • MARX, Karl. O Capital. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.

Footnotes

  1. Was charakterisiert (…) die manufakturmäßige Teilung der Arbeit? Dass der Teilarbeiter keine Ware produziert. Erst das gemeinsame Produkt der Teilarbeiter verwandelt sich in Ware.

  2. Alienação do Trabalho.