up:: 011a MOC Capital I

”Conhecemos, agora, a substância do valor: ela é o trabalho.
Conhecemos sua medida de grandeza: ela é o tempo de trabalho.
Resta analisar sua forma, que fixa o valor precisamente como valor de troca.” (nota de rodapé em MARX, p. 118; grifo meu)

O valor de troca de uma mercadoria advém de sua comparação com outras mercadorias, e das relações de proporcionalidade que as equiparam: gramas de trigo podem ser trocados por gramas de seda, e por aí vai para outras mercadorias.

Como tais comparações equiparam valores de uso qualitativamente diferentes, Marx infere que haja alguma quantidade substancial1 da qual estas proporções de mercadorias compartilhem, a qual abstrai dos caráteres úteis de mercadorias quaisquer. Tal quantidade comum é justamente a quantidade de Trabalho Abstrato empregado para a confecção dos valores de uso referidos, e é, então, chamada de valor: ela quantifica o Tempo de Trabalho Socialmente Necessário, de puro dispêndio de energia humana necessária (em média) para a produção de dado valor de uso. Portanto, o valor de troca de uma mercadoria é uma medida meramente formal, derivada de algo mais fundamental: ser produto do trabalho humano.


References

  • MARX, Karl. O capital-Livro 1: Crítica da economia política. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.

Footnotes

  1. Leia-se: um “sub-strato”, algo que está “subterrâneo” à visão imediata; a essência subjacente que influencia a aparência do fenômeno.