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“O tempo de vida de um meio de trabalho compreende, portanto, sua repetida utilização num número maior ou menor de processos de trabalho sucessivos. E com o meio de trabalho ocorre o mesmo que com o homem. Todo homem morre 24 horas a cada dia. Porém, apenas olhando para um homem não é possível perceber com exatidão quantos dias ele já morreu, o que, no entanto, não impede que companhias de seguros, baseando-se na expectativa média de vida dos homens, possam chegar a conclusões muito seguras e, mais ainda, muito lucrativas. O mesmo ocorre com o meio de trabalho. A experiência nos ensina quanto tempo dura, em média, um meio de trabalho (…) Assim é calculada a depreciação de todos os meios de trabalho, isto é, por exemplo, sua perda diária de valor de uso e sua correspondente transferência diária de valor ao produto.” (MARX, p. 281)

A depreciação de algum Meio de Trabalho trata de seu desgaste diário/mensal/anual etc, até que este meio de trabalho torne-se inutilizável, i.e. até que ele perca seu Valor de Uso no Processo de Trabalho a que se presta. Dessa forma, trata-se do Valor que este meio de trabalho transfere aos produtos que auxilia na produção (empregado em dado período de tempo).

Suponha, por exemplo, que um barril médio para fermentação de vinhos dure 10 anos, desde seu primeiro uso até o ponto em que ele se torna inutilizável para essa função. Então sua depreciação por ano é , sua depreciação por mês é , etc.

Depreciação não se trata sobre desgastes do meio de trabalho; trata-se sobre sua inexorável marcha à inutilização:

“Não se trata, aqui, de reparos nos meios de trabalho, nas máquinas, nas instalações das fábricas etc. Uma máquina que está em conserto não funciona como meio de trabalho, mas como material de trabalho. Não se trabalha com ela, mas ela mesma é trabalhada, a fim de restaurar seu valor de uso. Para nossos fins, podemos incluir tais trabalhos de reparação como parte do trabalho requerido para a produção dos meios de trabalho. Em nossa exposição, porém, trata-se do desgaste que nenhum doutor pode curar e que acarreta gradualmente a morte [do meio de trabalho]” (MARX, p. 281-2, nota 21; grifo meu)


References

  • MARX, Karl. O capital-Livro 1: Crítica da economia política. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.