up:: Valor Relativo

”Sua mercadoria não tem, para [seu portador], nenhum valor de uso imediato. Do contrário, ele não a levaria ao mercado. Ela tem valor de uso para outrem. Para [seu portador], o único valor de uso que ela possui diretamente é o de ser suporte de valor de troca e, portanto, meio de troca. Por essa razão, ele quer aliená-la por uma mercadoria cujo valor de uso o satisfaça. Todas as mercadorias são não-valores de uso para seus possuidores e valores de uso para seus não-possuidores.” (MARX, p. 160)

Duas mercadorias e só podem travar uma Relação de Troca se houver algum interesse de seus portadores de trocá-las: o portador de não tem interesse mais por e sim por , e vice-versa para o portador de .

Dessa forma, não possui mais Valor de Uso para seu portador, e idem para ; eles só “têm olhos” para a mercadoria que o outro porta, e por isso travam uma relação de troca entre si.

É nesse sentido que entra também o fato de que Todo valor é um valor de uso, mas nem todo valor de uso é um valor: é justamente nesse sentido que ainda resta um “uso último” da mercadoria que deseja-se alienar: ela serve para ser cambiada por outra que lhe seja de “verdadeiro” usufruto1.

Não há sentido em trocar uma mercadoria por uma que lhe seja idêntica, se não por haver alguma distinção entre ambas (em cujo caso elas não são idênticas) – é justamente a noção cotidiana de trocar2 uma coisa por outra (diferente).


Referências

  • MARX, Karl. O Capital-Livro 1: Crítica da economia política. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.

Footnotes

  1. Ou seja, é seu Valor Relativo.

  2. Em alemão, aus-tauschen; em inglês, ex-change. Há implícita a noção de troca, câmbio, mudança (de mãos/posse).