up:: Etapas do trabalho de campo malinowskiano
“Resumindo aqui a primeira e principal questão metodológica, posso dizer que cada fenômeno deve ser estudado considerando o maior número possível de suas manifestações concretas; cada um deve ser estudado mediante um levantamento exaustivo de exemplos detalhados.
(…) Por meios [destes métodos] e adotando o estudo de fatos concretos, é possível apresentar um esboço claro e minucioso da estrutura da cultura nativa, em seu sentido mais lato, e de sua constituição social.
Esse método pode chamar-se método de documentação estatística por evidência concreta.” (p. 74)
Este primeiro passo do trabalho de campo é um esforço do etnógrafo para delimitar a estrutura “óssea” de uma tribo: sua constituição física, genealógica; uma coleta extensiva de fatos observáveis.
É uma etapa imediata ao etnógrafo, mesmo antes de ele ainda estar familiarizado com a língua e cultura locais, justamente por ser um trabalho de observação da “ossatura da vida social”.
Para tal esforço, o etnógrafo pode valer-se de algumas metodologias, como
- Diagramas
- Recenseamento genealógico da tribo
- Mapas sinóticos
Tal trabalho, quando deixado por si só, restringe-se a um mero “ato de inventariante”1; falta a ele “carne e sangue”, o que Malinowski chama de O trabalho de campo busca descrever os fatos imponderáveis da vida real (Malinowski).
References
- MALINOWSKI, Bronislaw. [1922] 2018. “Introdução: tema, método e objetivo desta pesquisa” (p. 55-84) e “Capítulo III: características essenciais do Kula” (p. 149- 175). In: Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Editora Ubu.
Footnotes
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Vide a crítica de Gramsci à sociologia do século XIX, cf Sobre a Filosofia da Práxis não ser uma Sociologia, segundo Gramsci (Monografia). ↩