up:: 0x4a2 MOC Antropo I

”…significa dizer que o pesquisador assume um papel perfeitamente digerível pela sociedade observada, a ponto de viabilizar uma aceitação se não ótima pelos membros daquela sociedade, pelo menos afável, de modo a não impedir a necessária interação.” (p. 21)

Roberto Cardoso de Oliveira introduz o termo “observador participante” à noção de um etnógrafo, que esteja em um Trabalho de Campo Etnográfico, que busque travar relações com os nativos que não se dê de maneira unilateral.

Ele elabora a noção de que a relação usual “entrevistador/entrevistado” é inerentemente unilateral: o entrevistador influencia a resposta do entrevistado por meio de suas perguntas “objetivas” e pontuais. Há uma clara assimetria no “poder de influência” de ambos. Ou seja, não é uma relação dialógica.

Para tornar tal relação um “diálogo”, tornam-se ambos os envolvidos em interlocutores. Permite-se, dessa forma, um encontro etnográfico dos “horizontes semânticos”1 de ambos. Abre-se, portanto, um espaço em que tanto o entrevistado quanto o entrevistador possam ouvir e serem ouvidos ─ para que ambos possam “ganhar” algo dessa interação.

Relação com outras noções antropológicas

Há uma relação com a etapa malinowskiana de O trabalho de campo busca descrever os fatos imponderáveis da vida real (Malinowski) (Cardoso de Oliveira o chama essa etapa de “Ouvir”): há fenômenos de uma cultura que se deseja compreender melhor que não são compreensíveis meramente pelo ato de “Olhar”2, donde o contato com os nativos é um sine qua non (tanto por serem eles próprios os objetos de interesse da pesquisa etnográfica, para começo de conversa!).

Porém, enquanto a coleta dos “fatos imponderáveis” é um objetivo do trabalho de campo, a “observação participante” é mais uma metodologia da interação pesquisador/nativos no trabalho de campo.


References

Footnotes

  1. Cosmologia de um povo

  2. Etapa malinowskiana em que O trabalho de campo busca delimitar a ossatura social (Malinowski).