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De acordo com Byung-Chul Han, há uma distinção entre informação e conhecimento. Enquanto toda forma de conhecimento requer informação, nem toda informação é conhecimento per se – isso se percebe pela abundância de informações na Internet, concomitante à proliferação massiva de desinformação.

O conhecimento não advém exclusivamente da aquisição de informação. O conhecimento não é uma mera soma de fatos, e sim uma constelação interligada de informações e práticas, norteada pela experiência. É informação estruturada. De fato, Saber não necessariamente é compreender: saber vários fatos é diferente de enxergar um nexo que torna-os necessários e inteligíveis além de sua superfície “arbitrária”.

Como Nenhum dado é factum brutum, não há coisas que são “autoevidentes”: somente existem coisas que nos são muito evidentes, porém sempre mediadas por conhecimentos/experiências prévios. Portanto, a própria aquisição de informações requer a prioris mentais.

Da mesma forma, O saber requer conhecimento tácito. O ato de se construir conhecimento requer também a prioris, não só para a aquisição de fatos, mas para sua organização em um todo coeso1. Ao contrário da informação, O saber não é acumulativo, e sim excludente.

“A informação é cumulativa e aditiva, enquanto a verdade é exclusiva e seletiva. Diferentemente da informação, [a verdade] não produz nenhum monte2 [Haufen]. É que não se é confrontado com ela frequentemente. Não há massas de verdade, [mas] há, em contrapartida, massas de informação. Sem a negatividade, se chega a uma massificação do positivo. Por causa da sua positividade, a informação também se distingue do saber. O saber não está simplesmente disponível. Não se pode simplesmente encontrá-lo como a informação. Não raramente, uma longa experiência o antecede. [O saber] tem uma temporalidade totalmente diferente do que a informação, que é muito curta e de curto prazo. A informação é explícita, enquanto o saber toma, frequentemente, uma forma implícita.” (HAN, p. 75)

Dessa forma, o ritmo alucinantes dos tempos de hoje são destoantes com a formação de conhecimento, pois O tempo do conhecimento não é o mesmo tempo da informação: é muito fácil acumular informação, mas leva mais tempo para se estruturá-la em algo coeso e pertinente. É fácil tomar toda informação at face value; é mais difícil discernir o que é verdadeiro do que é falso.


Referências

  • HAN, Byung-Chul. Do camponês ao caçador. In: No enxame: perspectivas do digital. Editora Vozes, 2018.

Footnotes

  1. E, inevitavelmente, arbitrário, embora hajam arbitrários melhores que outros, claro. Sempre são arbitrários, pois inevitavelmente assumem o ponto de vista humano, senão não nos diriam respeito. Por exemplo, A arte busca representar o mundo objetivo através de categorias humanas.

  2. I.e. não se acumula, não forma “montinhos”.