ESG é uma versão meramente formal de lidar com as questões ambientais (e sociais) que afligem a sociedade atual, vistas como meros problemas a serem consertados (dentro da ordem), invés de disrupções induzidas pelo próprio sistema (vide Ruptura Metabólica). Arrancam-se (ou finge-se arrancar) as ervas daninhas, sem questionar por que elas estão trazendo problemas.

Trata de tais questões meramente como um empresário lida com Must Wins: cria objetivos calculáveis, e busca alcançá-los. Pouco importa se tais objetivos numéricos trarão a solução concreta dos problemas contemplados: “minha parte está feita”, e aguardam-se os louros do esforço honrável (afinal, A sociedade burguesa é criadora de moralismos formais). De fato, pouco importa se tais cálculos são condizentes com os problemas de fato! Basta que eles sejam propostos e que tenham algum verniz de condizer com tais problemas, e eles serão merecedores de reconhecimento.

Um ótimo exemplo disso é a questão da previsão de +1.5°C da temperatura global comparado com níveis pré-industriais em alguns anos: virou mais um número a ser “alcançado”. Ele é até passível de ser reajustado: “eu acredito que conseguimos menos que isso”, como se fosse uma questão de opinião, de pensamento, e não relacionado à expansão desenfreada do capital sobre a natureza.

Relação com business

Quando visto na ótica do meio corporativo ─ isso quando os princípios ESG são minimamente respeitados, however they may be em dado ramo de negócios ─, em geral são vistos como uma analogia do Rei Leão: podes fazer negócios onde quer que o Sol alcance, menos nas regiões sombrias: lá o ESG não nos permite alcançar. Pode-se enfeitá-lo com um discurso bonito para que se possa dormir melhor de noite, mas, na prática, ESG só serve para uma delimitação do mercado1.


Referências

  • Uma falastrona do ESG, que não faz ideia do que fala.

Footnotes

  1. Até que ponto pode até mesmo ser weaponized por empresas menores como uma maneira de restringir os negócios de seus maiores competidores?
    240520: Lembra a discussão que Marx faz A legalidade de horas extras não necessariamente é uma reivindicação proletária, em que pode ser do interesse dos próprios capitalistas de impor pagamentos de horas extras, como maneira de criar obstáculos à competição.