“Se extraio apenas 12 horas de trabalho de meus empregados, mas meu vizinho, em contrapartida, extrai 18 ou 20 horas, ele tem necessariamente de me derrotar no preço de venda. Pudessem os trabalhadores insistir no pagamento do tempo extraordinário e rapidamente essa manobra teria um fim.” (Relato sobre padeiros em MARX, p. 620)

O pagamento de horas extras de trabalho não só é uma reivindicação dos trabalhadores ─ posto que estão sendo instigados a trabalhar além de sua jornada normal de trabalho. É também uma medida reivindicada pelos próprios capitalistas ─ em particular, aqueles que não conseguem, ou o conseguem em menor escala, instigar seus trabalhadores a extrapolar suas jornadas normais de trabalho.

Paralelos com Tragedy of the Commons

Tal reivindicação vinda da parte dos próprios capitalistas acaba relembrando o exemplo de Teoria dos Jogos, de Tragedy of the Commons, onde a melhor estratégia seria a de que todos os capitalistas não forçassem seus trabalhadores a trabalhar (tantas) horas extras ─ não por moralismo, e sim por melhor conservação e reprodução de sua força de trabalho ─, mas que aqueles que deviate dessa estratégia são muito mais recompensados: tanto pela maior extração de mais-valor, quanto pela “falta” de concorrência, posto que os outros capitalistas estão “abstendo-se” de agir de acordo. Dessa forma, faz-se necessário alguma ação legal, a fim de que se desincentive (monetariamente) tal desvio da estratégia de “abdicação geral”.

240630: É literalmente uma discussão sobre estratégias dominantes, e a alteração de suas “funções utilidade” mediante, principalmente, aparatos legislativos.


Referências