up:: 071a MOC Realismo Crítico

“BHASKAR (1997 [1975]) ilustra essa distinção entre os três estratos da realidade com o exemplo da atração dos pregos por um ímã. O ímã e os pregos representam os objetos empíricos, pertencendo à esfera empírica. O evento em si, os pregos sendo atraídos pelo ímã, constitui a esfera efetiva. O mecanismo que causa a atração dos pregos pelo ímã, no caso o magnetismo, encontra-se na esfera real. A despeito da apresentação sequencial e esquemática dos estratos da realidade, estes são irredutíveis uns aos outros e dessincronizados, de modo que o real não pode ser reduzido ao efetivo, nem o efetivo pode ser reduzido ao empírico.” (CAVALCANTE, 2007, p. 286; grifo meu)


Fonte: Understanding research philosophies and approaches (SAUNDERS, LEWIS, THORNHILL, 2009)

Os mecanismos e estruturas subjacentes aos fenômenos efetivos — na Dimensão Efetiva da Realidade — e, em particular, dos fenômenos observáveis — na Dimensão Empírica da Realidade — encontram-se na dimensão real da realidade.

Aqui, não trata-se de eventos, e sim de estruturas e mecanismos de causalidade de eventos.

“…leis gerais e mecanismos causais não constituem uma adição arbitrária do sujeito cognoscente a uma teoria que deve comportar mais que eventos empíricos; tais leis e mecanismos possuem uma existência independente de sua identificação[;] são, consequentemente, entidades reais, não imaginárias. Para que se estabeleça a intransitividade1 dessas entidades trans-empíricas, foi necessário rejeitar uma ontologia filosófica que esgota o objeto da ciência nos eventos empíricos [empiricismo] e reconhecer que a realidade é estratificada em esferas irredutíveis e dessincronizadas umas às outras.” (Ibid, p. 287; destaque meu)

Bhaskar propõe que quebre-se com a Falácia Epistêmica (Bhaskar), que confunde os mecanismos reais com a descrição dos mecanismos reais — ou seja, confunde Ontologia com Epistemologia, reduzindo os objetos da Ciência ao conhecimento dos objetos. Propõe, portanto, que pensemos estes mecanismos como pertencentes à própria realidade, num sentido real: não como fenômenos/eventos per se, mas como “estruturas-que-estão-aí”, subjacentes aos “objetos/eventos-que-estão-aí”.


References

  • BHASKAR, R. A Realist Theory of Science. 2. ed. Nova Jersey: Humanities Press, 1978.
  • CAVALCANTE, C. M. Filosofia da ciência e metodologia econômica: do positivismo lógico ao realismo crítico. Texto para Discussão-UFF, n. 210, 2007.
  • THORNHILL, A.; LEWIS, P.; SAUNDERS, M. N. Understanding research philosophies and approaches. 2009.

Footnotes

  1. Dimensão Intransitiva da Ciência.