up:: 063 MOC Economia Brasileira
Segundo governo Vargas (1951-1954)
Governo em duas fases: estabilização (saneamento financeiro) e aceleração de produção; grandes empreendimentos e depois necessidade de capital externo dos EUA e Banco Mundial (consequente austeridade).
Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (1951): assessoria econômica.
- Ponto IV do discurso de posse do Truman (1949) para pedir auxílio financeiro dos EUA:
“Fourth, we must embark on a bold new program for making the benefits of our scientific advances and industrial progress available for the improvement and growth of underdeveloped areas.” (Source: Harry S. Truman Inaugural Address - Collection at Bartleby.com, Jan 1949; grifo meu)
- Negociações de Horácio Lafer (Fazenda) e Neves da Fontoura (Exteriores), trabalhos começando em julho/1951
- Montante de US$ 500 milhões para Brasil
- Financiamentos do EXIMbank1 e Banco Mundial
Ou seja, Vargas II é Desenvolvimentismo, mas claramente não é 100% “nacionalista”.
Política Cambial
Situação favorável do balanço comercial (algodão exportando bem, café bem-comportado). Vargas pega fase de queda do café após pico de 1949.
Há Apreciação Cambial, dificulta exportações; expectativas de Desvalorização Cambial.
Relaxamento das licenças de importação (mas não absolvição!): problemas com trigo, estocagens por receios com Guerra da Coreia (expectativa de III GM).
Aumento de fretes e seguros de transporte (Guerra da Coreia, 1950-1953) em 1951 e 1952; baixo nível de entrada de capitais privados (além dos fluxos por EUA acima).
Acúmulos de atrasados comerciais, endividamentos de curto prazo.
Fonte: aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V1/2 - YouTube
Eleição de Eisenhower (1953-1961) – atritos
Revisão de financiamentos do Eximbank.
Extinção da CMBEU, interrupção de todos os financiamentos. Há empréstimo de US$ 300 milhões com Eximbank, mas com condições duras.
“Instiga” um nacionalismo: Reforma Ministerial de 1953.
- Fazenda: Oswaldo Aranha (de novo)
- Trabalho: João Goulart
- Reclamações trabalhistas, greve em SP
“O Petróleo é Nosso”: Petrobras (1953), estatal, sem capital estrangeiro
- BNDE (1952): Banco Nacional do Desenvolvimento
- Recursos do Tesouro e dos IAPs (Institutos de Aposentadoria)
- Banco do Nordeste do Brasil (1952): desenvolvimento regional, à epoca um dos maiores banco da América Latina
Estatização (nacionalização) de estradas de ferro.
Lei de remessa de lucro do capital estrangeiro.
Reversão de política cambial
- Reintrodução de controles cambiais em 1952
- Câmbio Múltiplo
- Lei 1807/1953: Mercado livre de câmbio, com Regime de Câmbio Flutuante
- Instrução 70 da SUMOC (1953): leilões e bonificações cambiais
Fonte: aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V1/2 - YouTube; = Taxa de Câmbio
1/3 do orçamento federal vem desse esquema: compra dólar mais barato do que vende!
Cafeicultores chamam de “confisco cambial”, pois há muito mais ganho por parte do governo do que por eles; industriais estão super contentes.
Política de estabilização doméstica (‘51/’52)
Conter o déficit público e a expansão de crédito (segurar investimentos).
1951/1952: Superávits da União
Meados 1952: Ricardo Jafet (BB) expande crédito, em contra Política Monetária Contracionista da Fazenda; Inflação estável em 14% em 51/52.
Volta à política econômica interna (segunda ‘52/’53)
Seca no Nordeste, financiamentos de grandes safras do café: auxílios aos bancos oficiais de estado/governos estaduais.
Retomar programa de obras, demandas de crédito por setor privado: aceleração da inflação.
1954 e fim de Vargas II
Oposição por liberais e agricultura, contra regime cambial.
Reclamações de assalariados ⇒ elevação insuficiente do salário mínimo (pela inflação). Causa preocupações por parte de industriais por ascensão de “comunistas” nos movimentos sindicais.
Cisão dentro do movimento militar.
Governo Café Filho (1954-1956) – sucessão de Vargas
Governo com base na UDN (oposição de Vargas), Ministério com inclinação conservadora pela UDN e notáveis anti-getulistas.
Queda da inflação pela política de austeridade de Gudin, boa performance da agricultura.
Gestão Gudin
Trunfo para negociações externas, por ser reconhecido internacionalmente.
Crítico do Desenvolvimentismo. Prioridade de combater inflação e resolver crises externas.
Aperto da política monetária:
- Elevação de Depósitos Compulsórios:
- À vista: 4% para 14%
- A prazo: 3% para 7%
- Elevação de Taxa de Redesconto
- Teto para operações de empréstimos das carteiras do BB: coibir crédito
- Era uma das formas clássicas de controlar política monetária, na ausência de um banco central; foi possível pela afinidade entre Gudin e presidente do BB
- Redução de déficit público:
- 1/3: corte despesas
- 2/3: aumento receitas
- IR, Imposto sobre Consumo, criação de imposto sobre lucros extraordinários
1954: bom sucesso de Gudin com empréstimos americanos (FED, recusa Eximbank).
Instrução 113 da SUMOC (transições para fora do câmbio múltiplo, muita receita federal):
- Concessão de licenças para importação de máquina e equipamentos com financiamento no exterior
Foi a base sobre a qual multinacionais farão seus investimentos no Brasil.
Gestão Whitaker
Tentativa de apaziguar oligarquia paulista (cafeeiros). É grande crítico de câmbio múltiplo, favorável a políticas produtivas.
Juscelino Kubitschek (1956-1960)
Posse conturbada por golpistas militares. Políticas de conciliação e anistias logo à posse.
Fonte: aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V2 / 2 - YouTube. O decrescimento brusco em 1956 é devido a uma crise agrícola.
Fonte: idem.
Desenvolvimentismo clássico: requer planejamento forte do Estado.
Tripé de capitais: capital estatal, capital privado nacional, capital privado internacional (multinacionais).
Relação com Substituição das Importações: reagir a estrangulamentos externos, estágios mais complexos de substituição de setores industriais (máquinas e equipamentos), criar melhores relações intersetoriais2/integração vertical.
Lei 3244/1957 (Reforma Cambial): política comercial
- Câmbio múltiplo:
- Manutenção de leilões
- Menor número de faixas de câmbio múltiplo: geral (essencial) e específica (resto).
- Ágios3 e bonificações a serem utilizadas na agricultura
- Reajuste de sistema tarifário:
- Ampliação de várias tarifas
- Quotas de isenção
- Isenções tarifárias por dificuldades de produção nacional
- Lei do Similar Nacional
- Possibilidade de manejo 30% para cima ou para baixo das tarifas vigentes pelo Conselho de Política Aduaneira
Dificuldades da reforma aduaneira se dão devido à necessidade de acelerar substituição de indústrias de bens intermediários e de capital. Discriminação de importações passa a ser por políticas aduaneiras, tarifas.
Plano de Metas - 1956-1960
Fonte: aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V2 / 2 - YouTube
Plano Quinquenal, desenvolvido no BNDE (Lucas Lopes).
Compromete bastante setor público, mas incorpora setores privados com incentivos.
Interdependências no sistema econômico
Utilização de matrizes insumo-produto.
Pontos de estrangulamento: áreas de demanda insatisfeita por características desequilibradas do desenvolvimento econômico.
Pontos de germinação: áreas que geram demanda derivada.
Alguns investimentos setoriais buscavam atacar pontos de estrangulamento, e outros setores são pontos de germinação (de demanda).
Plano secundário:
A) Agropecuária:
- Metas de armazenagem e produção de trigo
- Mecanização (tratores e implementos)
B) Distribuição de renda, pessoal e regional
C) Políticas sociais: educação e saúde
Implementação:
- Órgãos paralelos à administração direta (i.e. Ministérios e Congresso)
- Conselho de Desenvolvimento
- BNDE, CPA (Aduaneira), GEs (Grupos Especiais)
- GEIA: Indústria Automobilística
- SUDENE (fora do Plano de Metas): Plano para desenvolvimento do Nordeste
- Novacap: construção de Brasília
Três pontos chaves do plano:
- Investimentos estatais em infraestrutura (transporte e energia)
- Estímulo ao aumento de produção de bens intermediários (aço, carvão, cimento, zinco, etc)
- Incentivo à introdução de setores de consumo durável e de bens de capital
Instrumentos do Plano de Metas
- Investimentos de empresas estatais em intermediários e infraestrutura
- Aço: CSN, Usiminas e Cosipa
- Petróleo: Petrobras
- Minérios: Vale do Rio Doce
- Soda: CNA (Álcalis)
- Elétrica: Chesf, Furnas
- Rodovias: DNER
- Naval: Lloyd
- Créditos com juros baixos e carência longa pelo BB e BNDE
- Incentivos ao capital estrangeiro para produção doméstica
- Ford, Chrysler, GE, Volkswagen
Resultados do Plano de Metas
Crescimento mais alto do que esperado, inflação mais ao controle.
Grande expansão de setores:
- Siderurgia
- Metais não-ferrosos
- Química pesada
- Petróleo
- Papel e celulose
Expansão de consumo durável (automóveis) e bens de capital, potencializa crescimento que estava mais incipiente.
Aumento da importância de bens intermediários, embora com importantes deficiências de oferta ao final do governo.
Fontes: aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V2 / 2 - YouTube
Financiamento
Energia e transporte: fundos de vinculação orçamentária, impostos únicos.
Estatais, recursos próprios insuficientes.
BNDE: recursos próprios, aposentadoria
Financiamento de Investimentos:
- mercado de capitais médio/longo prazo
- sistema intermediação financeira inadequado (em particular com Lei da Usura (1933), limite 12% Taxa de Juros)
Problemas do Plano de Metas
Solução foi endividamento externo, e financiamento inflacionário (emissão monetária).
Fonte: aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V2 / 2 - YouTube. Deterioração séria em saldo de transações correntes.
Estabilização
Apoio de FMI requer severas medidas de estabilização econômica. Troca de ministro da Fazenda:
Plano de Estabilização Monetária4: gradualismo de combate à inflação
- Compatibiliza com crescimento econÔmico, permite não conflitar com Plano de Metas – discordância com FMI
- Acaba não dando em muita coisa
References
- aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V1/2 - YouTube
- aula 07 econ Brasileira proanpec 2020 GV e JK V2 / 2 - YouTube
Footnotes
-
Banco para melhorar EXportações e IMportações nos EUA, “semi-público”. ↩
-
Paralelamente nos EUA, é o discurso que se adota quanto ao agribusiness, cf Resumo da apresentação O País do Agro é o País da Fome. ↩
-
“Lucros” obtidos pelo serviço. ↩
-
Vem de Roberto Campos, mesmo idealizador do Plano Trienal e do PAEG. ↩