up:: Knowledge
“A felicidade animal da percepção, do ver, porém, consiste em sua ineficiência. Ela corresponde ao longo olhar que se demora nas coisas sem as explorar [anbeuten].” (Han, p. 79; itálicos meus)
A mera aquisição de informação não é suficiente para sua apreensão. Existe um verbo em inglês para essa “compreensão de facto”, to grok: não trata-se somente de “saber”, mas de “compreender”, de entender profundamente.
Frequentemente requer-se tempo para a verdadeira compreensão de algo, pois O tempo do conhecimento não é o mesmo tempo da informação: é necessário que conceitos novos assentem-se em nossas cabeças, através de nossas próprias categorias e intuições, a fim de que sejam verdadeiramente compreendidas, não meramente “entendidas”, e isso tudo leva tempo.
“…de fato, o anelo de discernimento racional, de conhecimento, e não apenas de uma coletânea de conhecimentos, deve considerar-se como a necessidade subjetiva que induz ao estudo das ciências…” (HEGEL, p. 33)
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Nisso está a noção de que O saber não é acumulativo, e sim excludente: a informação induz a acumulação, mas o saber requer exclusão e separação. A informação é positiva, mas o saber é negativo.
Referências
- HAN, Byung-Chul. Do camponês ao caçador. In: No enxame: perspectivas do digital. Editora Vozes, 2018.
- BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 2012. Disponível em: http://www.usp.br/cje/depaula/wp-content/uploads/2017/03/O-Narrador_Walter-Benjamin-1.pdf
- HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A razão na história. Leya, 2013.