up:: 011a MOC Capital I
“Para ser vendido no mercado como mercadoria, o trabalho teria, ao menos, de existir antes de ser vendido. Mas se o trabalhador pudesse dar ao trabalho uma existência independente, o que ele venderia seria uma mercadoria, e não trabalho.” (MARX, p. 606)
“No mercado, o que se contrapõe diretamente ao possuidor de dinheiro [i.e. o capitalista] não é, na realidade, o trabalho, mas o trabalhador. O que este último vende é sua força de trabalho. Mal seu trabalho tem início e a força de trabalho já deixou de lhe pertencer, não podendo mais, portanto, ser vendida por ele. O trabalho é a substância e a medida imanente dos valores, mas ele mesmo não tem valor nenhum.” (MARX, p. 607; grifo meu)
A economia política “vulgar”/ortodoxa fala muito sobre “valor do trabalho”, como se o próprio trabalho fosse Mercadoria levada ao mercado. Porém, o Trabalho é algo que necessariamente ocorre fora do processo de circulação, exclusivamente dentro do processo de produção.1
O que o trabalhador efetivamente vende é sua Força de Trabalho. Convém relembrar da definição de Marx:
“Por força de trabalho ou capacidade de trabalho entendemos o conjunto das capacidades físicas e mentais que existem na corporeidade [Leiblichkeit], na personalidade viva de um homem e que ele põe em movimento sempre que produz valores de uso de qualquer tipo.” (MARX, p. 242; grifo meu)
Ou seja, o trabalhador vende sua capacidade de exercer trabalho útil (futuramente) para o capitalista. Assim como toda mercadoria, até que usufrua-se seu Valor de Uso, este permanece in potentia.
Referências
- MARX, Karl. O Capital. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.
Footnotes
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“Na verdade, o vendedor da força de trabalho, como o vendedor de qualquer outra mercadoria, realiza seu valor de troca e aliena seu valor de uso. Ele não pode obter um sem abrir mão do outro. O valor de uso de sua força de trabalho, o próprio trabalho, pertence tão pouco a seu vendedor [o trabalhador] quanto o valor de uso do óleo pertence ao comerciante que o vendeu.” (MARX, p. 270) ↩