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Desmatamento é o ato de destruir florestas pelo fim último de usar essas terras para atividades econômicas, em geral para plantações de Monocultura e/ou para criação de gado ─ ou seja, em geral é perpetrado pelo Agronegócio (em particular pelos atores agropecuário).

Possui uma relação próxima com o Desmatamento para ocupação urbana. Durante a época dos Bandeirantes, o desmatamento tinha essa função dupla, enquanto atualmente a ocupação ocorre justamente em prol da expansão da atividade agropecuária (vide como A atividade agromineropecuária monopoliza a atividade socioeconômica local).

Desmatamento no Brasil

O desmatamento no Brasil é uma mazela puramente colonial: é meramente o ato físico-material para se permitir a atividade extrativista das riquezas da terra para exportá-la. A exploração brasileira ‘até o sabugo’ é um resquício colonial, onde a atividade capitalista sempre procura a obtenção de Mais-valor com menores custos (p. ex. para restauração de terras exauridas de nutrientes e água).

Em particular, destaca-se o desmatamento da Mata Atlântica ao longo da exploração colonial, a desertificação do bioma do Cerrado (Bioma) devido ao desmatamento das antigas matas que ali existiam1 e, atualmente, o desmatamento da Floresta Amazônica devido à expansão das fronteiras agrícolas.

Relação com a questão hídrica


(Imagem em MAKARIEVA & GORSHKOV, 2010)

Florestas auxiliam no “repasse” de ventos úmidos vindos do Oceano (os quais “trazem chuvas”), através de seu mecanismo de Evapotranspiração: a subida de vapor d’água para as nuvens, onde o gás se condensa (portanto reduz volume ocupado anteriormente como vapor), induz uma diferença de pressão que “puxa” as massas de ar marítimas para dentro do continente (SHEIL & MURDIYARSO, 2009). Isso é o que Makarieva e Gorshkov chamam de Biotic Pump.


(Esquemática de Andrew Millison)

Além disso, árvores permitem melhor canalização das águas até o solo: não só seu tronco serve de canalizador material para que a água escorra por ele, mas também suas folhas não só permitem um amortecimento das gotas de chuva, a fim de que não caiam diretamente sobre o solo, como também servem de forragem sobre o mesmo2.

Como uma floresta não é só composta por árvores, e sim também por vida não-vegetal, sobre- e subterrânea, seu solo é bem aerado e não-compactado, o que permite que a água percole por seus poros, a fim de reabastecer Aquíferos e bacias hidrográficas.

Relação com a questão de deslizamentos de solo

As raízes de árvores permitem uma maior coesão do solo, em particular em encostas. Devido a isso, o desmatamento de áreas de encosta torna-as muito mais suscetíveis a Deslizamentos, pois tanto não há uma forma de amortecer o fluxo d’água, quanto esta massa furiosa de água vai levando por cisalhamento a terra da encosta (também referente a Chuva Orográfica).


Referências

  • MAKARIEVA, Anastassia M.; GORSHKOV, Victor G. The biotic pump: Condensation, atmospheric dynamics and climate. International Journal of Water, v. 5, n. 4, p. 365-385, 2010.
  • Douglas Sheil, Daniel Murdiyarso, How Forests Attract Rain: An Examination of a New Hypothesis, BioScience, Volume 59, Issue 4, April 2009, Pages 341–347.
  • ”How Trees Make Water” (Andrew Millison) https://www.youtube.com/watch?v=oY8ds4BiG1A
  • ”Cartilha dos Solos”, Ana Maria Primavesi.

Footnotes

  1. Cf A seca do Cerrado foi um fenômeno sociohistórico.

  2. Isso influencia sobre a fertilidade do solo, pois impede que a água entre em contato com os grumos de microorganismos (cf Primavesi).