“Aqui [no ciclo D─M─D] não é a mesma peça monetária que muda duas vezes de lugar, mas a mesma mercadoria, e o comprador a recebe das mãos do vendedor [D─M] e as passa às mãos de outro comprador [M─D].
(…) a dupla mudança de lugar da mesma mercadoria implica o refluxo do dinheiro a seu primeiro ponto de partida, (…) [o qual] não depende de a mercadoria ser vendida mais cara do que foi comprada.
(…) O ciclo D─M─D, ao contrário, parte do extremo do dinheiro e retorna, por fim, ao mesmo extremo. Sua força motriz e fim último é, desse modo, o próprio valor de troca.” (MARX, p. 225-6; grifo meu)

Trata-se da compra (D─M) e posteriormente da venda (M─D) de uma mesma Mercadoria , por algum comprador , que serve de intermediário à circulação da mercadoria .

É contrário1 ao Ciclo M─D─M, onde vende-se para comprar; no ciclo D–M–D, compra-se para vender. Note-se que há um refluxo de Dinheiro em suas mãos: ele primeiro compra, e depois reavê o dinheiro dispendido.

Porém, o ciclo D–M–D em si próprio é contraditório, pois não faz sentido que alguém compre algo para vendê-lo pelo mesmo preço – ou melhor, de que dê compre certo valor só para vendê-lo pelo mesmo valor. Ao mesmo tempo, no nível mais elementar, não faz sentido que a mera circulação de mercadorias seja geradora/acrescentadora de valor2.

O ciclo D–M–D é a aparência imediata do Ciclo D─M─D’ que é a base do Processo de Produção Capitalista: a venda por um valor maior do que o da compra vem do uso de uma mercadoria específica – a Força de Trabalho – que permite a extração de Mais-valor (e, portanto, a venda por um valor de fato maior que o inicialmente possuído pelo capitalista).


Referências

  • MARX, Karl. O capital-Livro 1: Crítica da economia política. Livro 1: O processo de produção do capital. Boitempo Editorial, 2013.

Footnotes

  1. Ou talvez… dual?

  2. Assumindo-se Princípio da Troca de Equivalentes (MARX, 2013, p. 235 ss.).