202207301725 Sobre a diferença entre ações fragmentadas e intenções centralizadas

”Logo que o trabalho começa a ser distribuído, cada um passa a ter um campo de atividade exclusivo e determinado, que lhe é imposto e ao qual não pode escapar; o indivíduo é caçador, pescador, pastor ou crítico crítico, e assim deve permanecer se não quiser perder seu meio de vida” (A Ideologia Alemã, p. 37-38; destaque meu)

O modo de produção capitalista induz à fragmentação (Lukács chama de racionalização) e especialização do trabalho, justamente por assesntar-se sobre trabalhos privados, independentes entre si.

É por isso, por exemplo, que não é tão simples condenar o piloto que sobrevoou Hiroshima pelo desastre atômico, nem mesmo a própria pessoa que se encarregou de derrubar a bomba; o piloto era meramente um piloto, e o outro sujeito tinha a mera incumbência de “levantar o objeto e jogá-lo para fora do avião”.

Porém, note-se que cair em um relativismo vão por causa deste fato é um erro crasso: o desastre de Hiroshima e Nagasaki foram um passo-a-passo, e, portanto, seguiram um plano; ou seja, não obstante empregar forças de trabalho em trabalhos qualitativamente distintos e independentes, desde o Projeto Manhattan até o sobrevoo das cidades japonesas, houveram forças políticas e coordenadas que empregaram-nos.

É por isso que não é tão simples condenarmos pessoas específicas por problemas sistêmicos?