up:: Capital-Mercadoria
“O que diferencia a terceira forma [capital-mercadoria] das duas primeiras [capital-dinheiro e capital produtivo] é o fato de que apenas neste ciclo o valor de capital valorizado, e não o valor de capital original ainda por valorizar, aparece como ponto de partida de sua valorização. , como relação de capital, é aqui o ponto de partida e, como tal, atua de modo determinante sobre o ciclo inteiro, pois inclui, já em sua primeira fase, tanto o ciclo do valor de capital como o do mais-valor; e este último [ciclo do mais-valor], se não em cada ciclo individual, pelo menos na média geral dos ciclos, tem, em parte, de ser gasto como renda, percorrendo o processo de circulação , e, em parte, funcionar como elemento da acumulação do capital.” (MARX, p. 171; grifo e destaques meus)
“Em , a produção pressupõe o capital em forma-mercadoria; ele retorna, na segunda [], como pressuposto no interior desse ciclo. Se essa ainda não foi produzida ou reproduzida, o ciclo se interrompe; essa tem de ser reproduzida, em sua maior parte, como de outro capital industrial. Nesse ciclo, existe como ponto de partida, ponto de transição e ponto de chegada do movimento; ela [] está, portanto, sempre presente e é uma condição constante do processo de reprodução.” (MARX, p. 172; grifo e destaques meus)
O ciclo do Capital-Mercadoria aparece como
Por esta forma, pode-se ver que o ponto de partida de algum Capital individual () também pode ser o ponto intermediário () de outro capital (e vice-versa): o comprado por um é o produzido por outro, e o final deste primeiro pode ser o primeiro de algum outro capital, etc..
Ou seja, o ciclo do capital mercadoria desvenda a interdependência entre capitais industriais, não de forma contingente, mas de forma necessária.
”, em sua qualidade de , aparece no ciclo de um capital industrial individual não como forma desse capital, mas como forma de outro capital industrial, na medida em que os meios de produção constituem seus produtos. O ato (isto é, ) do primeiro capital é, para esse segundo capital, .” (MARX, p. 166; grifo meu)
É nesta forma que pode-se entrever o movimento do “capital total da classe capitalista”:
“…precisamente porque o ciclo pressupõe, dentro de seu percurso, outro capital industrial em forma de (=[] e ) (…), ele exige que o consideremos [ao ciclo ] não apenas como forma geral do ciclo, isto é, como uma forma social sob a qual pode ser considerado todo capital industrial individual (fora de seu primeiro desembolso)1 — portanto, não apenas como uma forma de movimento comum a todos os capitais industriais —, mas, ao mesmo tempo, como forma de movimento da soma dos capitais individuais e, portanto, do capital total da classe capitalista, um movimento em que cada capital industrial individual aparece apenas como um movimento parcial, entrelaçado com os demais e por eles condicionado.”
Referências
- MARX, Karl. O Capital: Crítica da economia política. Livro 2: O processo de circulação do capital. Boitempo Editorial, 2014.
Footnotes
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Ou seja, já pressupondo o capital agindo sob, no mínimo, Reprodução Simples do Capital, i.e. já reproduzindo-se a si próprio, aquém deste “desembolso original”, este “capital inicial”. ↩