Ciclo do ouro no Brasil colônia

Durante o século XVIII, após a decadência do Ciclo colonial da cana-de-açúcar e com as expansões territoriais perpetradas pelos bandeirantes, o Brasil começa a se dedicar à exploração mineradora de ouro (assim como diamantes em certos locais).

O centro da exploração aurífera brasileira estava nas Minas Gerais, mas também expandiu-se para Goiás e Mato Grosso pelas empreitadas de bandeirantes.

Exploração e Produção de Ouro

Ouro Fala.
Trezentos negros nas catas,
mal a manhã principia.
Grossas mãos entre o cascalho,
pela enxurrada sombria.
(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência, Romance LXXVI)

Os primeiros garimpeiros foram bandeirantes vindos da capitania de São Vicente, os quais logo foram passados para trás dessa lucrativa empreitada por forasteiros que vieram atraídos pela auri sacra fames (que eram chamados pejorativamente de emboabas). Tal conflito resultou na “Guerra” dos Emboabas, depois da qual o controle da exploração aurífera passou a ser massivamente monitorada pela coroa portuguesa.

A maior parte do ouro estava em aluviões/areias e cascalhos de rios, nos quais “só necessitava braço humano, sem jeito especial ou inteligência amestrada”. Para desprender o cascalho no fundo dos rios, usavam-se cavadeiras ou almocafres (espécies de “pazinhas”), os quais eram auferidos em bateias ou gamelas (espécies de ujoj). Para permitir a intensificação de tais trabalhos, foi baixado um alvará para auxiliar na importação de escravos aos paulistas envolvidos na exploração aurífera.

Principais locais de mineração no Brasil colônia

  • Nascentes do Rio das Mortes ─ São João del Rei (Minas Gerais, bem ao sul de Belo Horizonte)
  • Serra do Tripuí ─ Ouro Preto (antiga Vila Rica) e Mariana (Minas Gerais)
  • Sabará e Caeté (leste de Belo Horizonte)

Impostos e cobranças

”Ó grandes oportunistas,
sobre o papel debruçados,
que calculais mundo e vida
em contos, doblas, cruzados,
que traçais vastas rubricas
e sinais entrelaçados,
com altas penas esguias
embebidas em pecados!

(…) Considerai no mistério
dos humanos desatinos,
e no pólo sempre incerto
dos homens e dos destinos!
Por sentenças, por decretos,
pareceríeis divinos:
e hoje sois, no tempo eterno,
como ilustres assasinos.”

(Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência, Romance LXXXI)

Quando perceberam o enorme lucro que o ouro poderia trazer, a metrópole rapidamente impôs formas de capitalizar na exploração de milhares de homens buscando fazer sua vida. Dentre eles:

  • Quinto: todo garimpeiro deve entregar ao governo um quinto de sua produção
  • Sistema de fintas: quotas anuais de produção para capitanias. Em certo período (após 1735), chegou a ser de cerca de 100 arrobas (1500 quilos!)
    • Derrama: caso as quotas não conseguissem ser pagas, permitia-se a invasão e saque da casa de devedores
  • Casas de Fundição: locais nos quais se fundia o ouro em lingotes (onde já se cobrava o quinto); passaram a ser obrigatórios, como medida de coibir o contrabando de ouro em pó ou pepitas

E para a metrópole: tecidos caros e dívidas

Devido ao Tratado de Methuen (Panos e Vinhos) com a Inglaterra, Portugal não se aproveitava tanto do ouro dentro de seus territórios (além da ostentação de alguns tantos nobres), e sim como uma forma de “não ficar no negativo” quanto às relações comerciais com a Inglaterra ─ devido ao estado de dependência quanto aos tecidos e produtos importados desta.


Referências

  • Nova História Crítica, Mario Schmidt.
  • Brasil: Uma história, Eduardo Bueno.