Ciclo colonial da cana-de-açúcar
Foi um dos primeiros ciclos econômicos do Brasil colônia, entre o século XV e XVII. Teve influência dos Países Baixos tanto para seu avanço (empréstimos) quanto para sua decadência (crescimento da produção canavieira nas Antilhas).
Produção brasileira
“os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho”
Principalmente nas capitanias da Bahia e Pernambuco, embora também no Rio de Janeiro e em São Vicente, a cana-de-açúcar era plantada e processada nos engenhos, os quais consistiam em latifúndios e eram compostos de diferentes unidades produtivas:
- Casa-grande: moradia dos senhores de engenho e família
- Casas de moenda/fornalhas/purgar (separação do açúcar e do melaço)
Os trabalhadores envolvidos eram principalmente escravos, mas também havia o trabalho de homens livres (que recebiam um pequeno pagamento ou tinham permissão de se assentar próximos ao engenho).
Ademais, a produção dos engenhos distinguia-se pela tecnologia que empregava para moer a cana:
- Engenhos reais: movidos por força hidráulica
- Engenhos trapiches: movidos por tração animal/humana (livre ou escrava)
Influência holandesa & “período nassoviano”
As instalações de um engenho não eram nada baratas, e por isso precisavam de empréstimos: no século XVI eram principalmente concedidos por genoveses (italianos), mas no XVII passam a ser principalmente concedidos por bancários holandeses do grande Banco de Amsterdam (em particular por judeus portugueses refugiados na Holanda).
Durante as Invasões holandesas no Brasil colonial (1630 - 1654), mantiveram-se as propriedades dos engenhos aos senhores locais, sob a ordem de somente comercializar com a Companhia das Índias Ocidentais (WIC).
Sob o governo de Maurício de Nassau em Recife (1637 - 1644), várias medidas foram estabelecidas para suavizar as relações comerciais entre o Brasil e a WIC. Por exemplo:
- Cobrança de metade dos impostos cobrados pelos espanhois
- Adiar cobranças de dívidas de proprietários em dificuldades
Decadência: Competição com Antilhas e outros fatores
Não só o maior investimento holandês na produção canavieira nas Antilhas, mas também o encolhimento dos mercados europeus devido à crise do século XVII, assim como epidemias que matavam muitos escravos de engenhos brasileiros (e portanto diminuíam a produção) ─ o que fazia com que traficantes de escravos aumentassem seus preços, criando uma downward spiral
Enquanto isso, um fator foi importante para atenuar a crise da exportação canavieira: o mercado interno de açúcar que se havia consolidado dentro do Brasil colônia.
Referências
- Nova História Crítica, Mario Schmidt.
- Brasil: Uma história, Eduardo Bueno.