up:: 063 MOC Economia Brasileira

”A contribuição dos flamengos – particularmente dos holandeses – para a grande expansão do mercado do açúcar, na segunda metade do século XVI, constitui um fator fundamental do êxito da colonização do Brasil. Especializados no comércio intra-europeu, grande parte do qual financiavam, os holandeses eram nessa época o único povo que dispunha de suficiente organização comercial para criar um mercado de grandes dimensões para um produto praticamente novo, como era o açúcar. (…)

E não somente com sua experiência comercial contribuíram os holandeses. Parte substancial dos capitais requeridos pela empresa [empreitada] açucareira [portuguesa] viera dos Países-Baixos. Existem indícios abundantes de que os capitalistas holandeses não se limitaram a financiar a refinação e comercialização do produto. Tudo indica que capitais flamengos participaram no financiamento das instalações produtivas no Brasil bem como no da importação da mão-de-obra escrava.” (FURTADO, p. 10-11; grifo e destaques meus)

Posto que os holandeses no século XV e XVI eram os principais comerciantes de açúcar na Europa, eles buscaram apoderar-se de toda a cadeira de produção desta mercadoria quanto eram capazes. Naturalmente interessaram-se pela empreitada portuguesa em seu Ciclo colonial da cana-de-açúcar (em particular no Brasil), especialmente devido à seu alto rendimento e lucratividade.

Inclusive, era quase como se a supply chain inteira do açúcar estivesse sob sua hegemonia; restava a Portugal as terras, os braços e os produtos brutos pré-refinação vindos da empreitada canavieira.

Como O sucesso da empreitada açucareira portuguesa dependeu de mão-de-obra escrava, a presença do capital holandês foi crucial para cobrir os enormes custos de transladar altas quantidades de braços e pernas através do Atlântico.


References

  • FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 13 ed. Editora Nacional, São Paulo, 1975.