A dominação precede a ideia, e a ideia ilustra a dominação.

Como a classe dominante detém a posse dos Meios de Produção material, ela acaba por deter também os meios de produção espirituais; sua dominação espiritual se dá àqueles indivíduos que não possuem (aproximadamente) dos próprios meios de produção espiritual. Tais ideias dominantes, portanto, nada mais são que a expressão dessas relações materiais dominantes, e buscam manter-se hegemônicas através de sua pretensão de universalidade, de interesse comum/coletivo.

Ou seja, a ideia de tal classe ser dominante advém, justamente, de sua dominação apreendida pelos indivíduos. A dominação engendra a ideia, e a ideia ilustra a dominação.

Um exemplo: numa nação onde o poder monárquico, a aristocracia e a burguesia lutam entre si pela dominação (i.e. a dominação está dividida), é natural surgir como ideia dominante a doutrina da separação dos três poderes, “enunciada então como uma ‘lei eterna’“.


References

  • MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Boitempo Editorial, 2015.