up:: 061e1 MOC Keynes
Cap. 13 - A teoria geral da taxa de juros
“Pode-se dizer que a curva da eficiência marginal do capital governa as condições em que se procuram fundos disponíveis para novos investimentos,
enquanto a taxa de juros governa os termos em que esses fundos são corretamente oferecidos.” (KEYNES, p. 173; grifo meu)
A Taxa de Juros é a “recompensa da renúncia à liquidez”, “uma medida de relutância dos que possuem dinheiro [de] alienar o seu direito de dispor do mesmo” (p. 174).
Neste sentido, sua relação com a quantidade de moeda se dá pela taxa de juros ser “o ‘preço’ mediante o qual o desejo de manter a riqueza em forma líquida se concilia com a quantidade de moeda disponível”. Essa relação se dá pela Preferência por Liquidez, de forma que
a quantidade de moeda seja igual à preferência de liquidez do público, a qual depende da taxa de juros , que é o preço pelo qual os indivíduos estão dispostos a manter moeda líquida.
Equivalentemente, é a recompensa por não entesourar moeda (p. 179).
Motivos para preferência por liquidez
Seja “o valor, no presente ano , de libra [moeda], diferidos anos” (p. 175).
Ou seja, hoje valerá daqui a anos.
Por consistência, devemos ter, vide diagrama abaixo, que
Porém, isso só ocorreria se soubéssemos com certeza as taxas de juros no futuro, a depender das taxas no presente (). Tal igualdade pode não ser satisfeita se a taxa futura não for certa.
Ou seja, pode ser que
a taxa futura não seja previsível a partir das taxas presentes. É a fim de compensar tais incertezas que fazem-se ajustes atuariais etc.
Motivos para preferência por liquidez (p. 176-7; 198)
- Motivo transação: “necessidade da moeda para as operações correntes de trocas pessoais e comerciais”. Subdivide-se em:
- Motivo-renda: “garantir a transição entre o recebimento e o desembolso da Renda”. É aqui que a Velocidade da Moeda se aplica, pois depende “da duração normal do intervalo entre o seu recebimento e o seu desembolso”
- Motivos-negócios: “assegurar o intervalo entre o momento em que começam as despesas e o [momento] do recebimento do produto das vendas”; depende (também) “do número de mãos através das quais passa essa produção”
- Motivo precaução: “o desejo de segurança com relação ao equivalente do valor monetário futuro de certa parte dos recursos totais”
- Motivo especulação: “o propósito de obter lucros por saber melhor que o mercado o que trará o futuro”
Cap. 15 - Os incentivos psicológicos e empresariais para a liquidez
Estudo mais detalhado do motivo especulação da moeda
“a administração monetária (ou, em sua ausência, as mudanças fortuitas que podem advir da quantidade de moeda) faz sentir seu efeito sobre o sistema econômico por sua influência sobre o motivo-especulação.” (p. 199)
Keynes afirma que “há uma curva contínua relacionando as variações na demanda de moeda para satisfazer o motivo-especulação com as que ocorrem na taxa de juros, devidas às variações no preço dos títulos e às dívidas de vencimentos diversos”, ao contrário das demandas transação e precaução, que só são sensíveis a “uma alteração efetiva na atividade econômica geral e no nível de renda” (p. 199).
Quanto ao motivo-especulação, convém distinguir as variações de taxas de juros que se dão devido à mudança de oferta de moeda disponível (ao motivo-especulação em particular) e mudanças nas expectativas (relacionadas à especulação).
Operações de Open Market influenciam em ambas: podem mudar volume de moeda, e/ou podem mudar expectativas relativas à política futura do Banco Central/governo.
“…no caso mais simples em que todos os indivíduos têm opiniões e interesses semelhantes, uma alteração nas circunstâncias ou nas expectativas não ocasionará nenhum deslocamento de moeda; apenas modificará a taxa de juros no grau necessário para contrabalançar o desejo que, no nível anterior de juro, cada indivíduo sentia no sentido de ajustar suas reservas líquidas às circunstâncias ou expectativas novas, e, desde que todos mudem, no mesmo grau, suas ideias quanto à taxa que os induzam a alterar suas reservas líquidas, não resultará transação alguma. A cada conjunto de circunstâncias e expectativas corresponderá uma taxa de juros apropriada e nunca se verificarão suspeitas de alguém modificar suas reservas líquidas habituais.” (p. 200)
Esse caso ocorre também caso haja reajuste de opiniões e preferências por liquidez individuais, em cujo caso há uma mera redistribuição de liquidez.
Separação (ex hypothesi) de moeda em motivos
Suponha-se que a quantidade de moeda disponível separe-se em motivo-transação e -precaução, e motivo-especulação, da forma
Keynes propõe que a Velocidade da Moeda seja tomada como1
Ou seja, é a proporção da renda pela quantidade de moeda para transação e precaução. É somente em curto prazo que pode-se tomá-la como (minimamente) constante.
References
- KEYNES, John Maynard. The collected writings of John Maynard Keynes: The General Theory of Employment, Interest and Money. Cambridge: Cambridge University Press for the Royal Economic Society, 2013. v. 7
- KEYNES, J.M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Nova Cultural, 1996
Footnotes
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Não falta um multiplicando…? ↩