up:: 20240730 Marx diante de Hegel, Módulo 3, Aula 2
Recap Aula 2
Problematização do termo “abstração real”.
3) Seria o Capital o Espírito (Geist) hegeliano?
O capital é descrito como “substância automovente” (Valor que se valoriza), age como um sujeito.
”Abstração real” em Marx
Forma III = Equivalente Universal.
Aparece, é característico da aparência pela qual a essência mostra-se na efetividade.
“O universal realmente existente é uma especulação” (?).
“O trabalho é uma categoria moderna”, uma abstração, quando visto na simplicidade atual.
Funções do dinheiro
Não há conexão direta entre valor e tempo de trabalho abstrato (somente medimos tempo de trabalho concreto) – tal conexão só pode ser triangulada, através do dinheiro (pois ele é equivalente universal de valor e se relaciona com todos os trabalhos concretos igualmente?).
O dinheiro enquanto meio de pagamento permite uma “defasagem espaço-temporal” na compra D–M (pelo consumidor) e a venda M–D (pelo vendedor): dessa forma, o vendedor “cria um crédito”, e o comprador “toma uma dívida”, se compromete a pagar um tempo após se apoderar da mercadoria comprada.
Dinheiro como deus das mercadorias
Dinheiro é uma mercadoria entre as mercadorias (homem entre os homens), mas também é um universal entre as mercadorias (“Deus” entre os homens), e, não obstante sendo um universal, “anda entre os homens”.
Do dinheiro ao capital… à acumulação primitiva
Dinheiro somente diferencia-se de dinheiro (si mesmo) através da quantidade. Ciclo D─M─D’.
A má-infinitude do capital
Mau-infinito: uma infinitude que se opõe ao finito. E.g. ; Hegel dá o exemplo da linha reta.
Bom-infinito (ou “verdadeiro infinito”): uma infinitude que condensa em si a finitude; um elemento finito representa a infinitude, não em oposição. Hegel dá o exemplo do círculo.
Mau-infinito põe seus próprios pressupostos ao final do processo; é realmente a noção de : para cada número, há algum maior: para cada fim de ciclo, começa um novo.
O processo de produção do capital é um mau-infinito; o processo de circulação do capital é um bom-infinito. No interior do próprio capital já existe essa contradição, “o capital é contradição em processo”.
Dialética do (in)finito em Hegel
Idealismo não é “as ideias criarem o mundo”! Idealismo não é a rejeição da existência do mundo objetivo!
“Verdade”: Quando uma categoria/momento posterior incorpora e totaliza a categoria/momento anterior.
O finito não tem persistência em-si, mas a ideia do finito permanece, e podemos captar essa essência idealmente. Há algo que é possível preservar quanto ao finito.
Objetos finitos são passageiros; o que é autônomo e persistente é a totalidade, não suas partes passageiras/finitas.
O saber enquanto tal, mesmo feito por indivíduos finitos, posta-se como infinito – e só faz sentido se estivermos aqui! O mundo é cognoscível somente por modelos,
“[a Razão] se revela no mundo e nada mais no mundo se manifesta a não ser por ela”
Sobre a pretensa subjetividade do capital
Autorrelação: relação consigo mesmo através de um outro. Isso define um sujeito. Para Hegel, o movimento do Sistema Solar tem caráter de subjetividade, autopropulsão, automanutenção (de certa forma), autocorreção.
Capital precisa subordinar a fonte do valor (sua substância), a fim de poder tentar se apresentar como sujeito; a força de trabalho é um momento (não-contingente) da autovalorização do valor (Capital Variável). Ele promove a reflexão a si através de um outro que é parte componente sua (Força de Trabalho) formalmente.
Ao mesmo tempo, a força de trabalho enquanto tal não aparece como sujeito, mas somente como momento do capital; ao mesmo tempo que é incorporada ao capital, é jogada ao escanteio; é um momento subordinado ao capital, mas o capital não é momento subordinado da força de trabalho (a relação não é recíproca!).
Na prática: a Composição Orgânica do Capital tende a diminuir a composição viva; sua tara fetichista seria de tirar essa composição viva, de criar valor sem ter uma componente viva.
Da substância ao sujeito
Automático, pois é feito de maneira fetichista: possui uma relação conflituosa com o trabalho (precisar mas querer repeli-lo). Dessa forma, ele não pode ser um sujeito em sentido pleno.
Capital a juros
O preço do capital como mercadoria é o juro!
O mais-valor desse capitalista funcionante aparece como vindo pela gestão do processo de produção, não do trabalho extraído per se.
Fetiche automático
Exterior/aparente.
Aproximações à representação e conceito
Representações em Hegel “duplicam” o mundo: mostram ele e “põem um além”.
Forma sem conceito (begriffslos) do capital
O caráter irracional da racionalidade do capital
Pensamentos meus
Então o materialismo é idealista, segundo Hegel?! O idealismo incorpora o materialismo, aparentemente! A materialidade é efêmera temporalemente; é a “ideia sobre a matéria” é o que persevera, o conceito “matéria”.