Sobre a consciência segundo Marx e Hegel

Tive uma discussão mental sobre as diferenças entre consciência para Hegel e para Marx.

Para Hegel, a consciência é uma determinação da Razão universal; então, as “leis” da Natureza, sua razão universal particular, são uma instância dessa Razão, assim como as consciências biológicas e, eventualmente, nossas autoconsciências.

Não sei se é para Hegel também, ou se é uma interpretação minha, mas me pauto no que o Grespan falou logo na primeira aula, de que a autoconsciência é uma in-flexão da consciência em si mesma: uma consciência consciente de que é consciência; penso muito no livro Gödel, Escher, Bach, e em como se fala bastante de recursão e de como ela pode ter a ver com a “consciência” (sentido cotidiano; humana). Mas é uma in-flexão de quê? Justamente uma inflexão da própria razão, dessa própria “malha” da razão que rege a natureza, voltando-se a si mesma e tecendo algo novo “out of thin air”. Tendo mais a pensar que a autoconsciência é mais uma inflexão da malha da própria Natureza, a qual gerou o indivíduo “em seu seio”, que de que é uma inflexão diretamente da “razão universal” (ou “leis” da Natureza).

Mas para Marx, ao menos no pouco que vimos, ele não elabora tanto assim sobre a consciência; simplesmente assume que ela surge de forma espontânea no convívio dos animais sociais humanos. Surge como uma necessidade do indivíduo to parse seu meio ambiente e de seus pares. Me parece algo muito fenomenológico, bem baixo-nível: os seres humanos são assim, e a teoria supõe que eles são assim para provar que são assim, quase tautológico. Muito embora dependa justamente de características animais, como satisfazer as necessidades básicas, procriação, cooperação: até as formigas fazem isto, e então pode-se aceitá-lo facilmente como peças fundamentais do nosso ser.


References

  • HEGEL, G. W. F. A razão na história. Lisboa: Edições 70, 1995.
  • MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. Boitempo Editorial, 2015.