up:: 063 MOC Economia Brasileira

”Coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de utilização econômica das terras americanas que não fosse a fácil extração de metais preciosos. Somente assim seria possível cobrir os gastos de defesa dessas terras.” (FURTADO, p. 8)

“Não há dúvida que por trás [da empreitada canavieira] estavam o desejo e o empenho do governo português de conservar a parte que lhe cabia das terras da América, das quais sempre se esperava que um dia sairia o ouro em grande escala.” (id, p. 12; destaque meu)

Originalmente, a exploração não-mineradora das terras americanas tinha o propósito mais “endógeno” de tornar a empreitada mineradora menos onerosa para a metrópole, em particular na questão de defesa/ocupação dos territórios.

No tocante a Portugal, foi uma aposta contra o avanço do domínio espanhol sobre a América, cujo “sistema de defesa estendia-se da Flórida à embocadura do Rio da Prata” (id, p. 7), ao qual a ocupação das Antilhas servia principalmente de entreposto militar.

O sucesso dessa empreitada tão arriscada se deveu a vários fatores, não só da técnica portuguesa de plantio de cana nas ilhas do Atlântico (Madeira, Açores), como de sua enorme lucratividade – e este foi o ponto central do desenvolvimento do Ciclo colonial da cana-de-açúcar, posto que o capital envolvido e o translado de mão-de-obra escrava para seu funcionamento eram vultosos.


References

  • FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 13 ed. Editora Nacional, São Paulo, 1975.
  • MAGALHÃES, Joaquim Romero. O açúcar nas ilhas portuguesas do Atlântico séculos XV e XVI. Varia História, v. 25, p. 151-175, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/j/vh/a/RngBGH7tqznwqmZFbCZjwtC/#