Trabalho de Base

”O início da elaboração crítica [de uma visão de mundo] é a consciência daquilo que é realmente, isto é, um ‘conhece-se a ti mesmo’ como produto do processo histórico até hoje desenvolvido, que deixou em ti uma infinidade de traços acolhidos sem análise crítica.”
(Cadernos do Cárcere, Antonio Gramsci)

Trabalho de base é o ato de conscientizar o proletariado (a base da sociedade) de sua situação de exploração. Tal ato se faz necessário para

  • esclarecê-lo de sua situação de opressão e exploração,
  • para sintonizá-lo à causa revolucionária,
  • para unificar a classe como um todo (posto que toda ela sofre com a opressão do sistema capitalista, embora de formas distintas), e
  • para amplificar a luta coletiva, posto que ela assume um caráter unificado e potente.

Tal trabalho deve auxiliar o trabalhador a tornar-se consciente das ferramentas hegemônicas de poder e da historicidade de sua existência, a fim de que não seja tragado inconscientemente por seus efeitos.

Como fazer trabalho de base?

”Se me convenci desse falar com, desse escutar, então meu trabalho vai partir sempre das condições concretas em que o povo está.
Meu trabalho vai partir dos níveis, das maneiras e das formas como o povo compreende na realidade, e não apenas da maneira como eu entendo a realidade.”
(Princípios do Trabalho Popular, Paulo Freire; grifo meu)

Deve-se buscar a consciência do proletariado em seus próprios termos: não se deve impor algo que não lhe diga respeito, e sim partir de sua visão de mundo.

Tal ato de ouvir com o outro não está presente só no trabalho de base; é uma característica da democracia direta que tanto queremos instaurar! É uma característica que devemos cultivar na militância, posto que é nossa fortaleza: de ter um embate saudável de visões de mundo contraditórias, a fim de que se chegue em alguma conclusão mais acertada para todos.


Referências