202207301525 Sobre a problemática de “lixo no lixo”

A problemática de “lixo no lixo, não no chão” me parece uma falsa problemática: pressupõe o lixo como algo “trivial, comum”, e focaliza a ação reparadora dessa problemática na interação com o objeto.

Porém, o verdadeiro problema não é “jogar o lixo no lixo”, e sim que certos objetos sejam considerados “lixo”: ou seja, que sejam considerados resíduos inúteis, ou pior, insalubres à vida.

Para entender melhor isso, perceba-se que podemos até dizer que tanto uma casca de laranja quanto uma geladeira enferrujada são “lixo”, mas perceba que a casca é orgânica, e se for jogada na terra, seus nutrientes serão apossados pelos microorganismos e, posteriormente, pelas espécies vegetais presentes no solo; a geladeira enferrujada é inorgânica, e seus nutrientes não serão catabolizados1 como compostos orgânicos.

Que fazer?

Como sempre, a resposta está na raiz concreta do problema: o porquê de gerarmos lixo in the first place, que vem pelo modo capitalista de produção, da produção sempre em escalas maiores de mercadorias, sem se preocupar com as consequências disruptoras de tal processo desmedido de produção e consumo.

Footnotes

  1. Ao menos de maneira imediata e condizente com outras escalas de tempo bióticas.