202204102037 - Sobre a dialética de querer mudar a si mesmo

…e quem me dera pudesse existir alguém para me ajudar a jogar tudo isso fora,
mas então o que restaria em mim, se todo meu valor é baseado em tentar não ser tudo que eu odeio ser?

(2019)

Parece haver uma dialética entre “querer mudar a si mesmo por ser insira forma indesejável aqui” e “ser insira forma indesejável aqui”. O exemplo dado no vídeo é de “self-disgust”:

I want to get over my self-disgust

Porém, a energia que impulsiona esse desejo é justamente a energia que se deseja “purificar”! Portanto, o atual state of affairs e o impulso de mudança estão numa relação dialética entre si: são opostos, mas um induz ao outro!

Resolvendo a contradição pela aceitação

E a solução para isso não pode ser simplesmente “deixar como está”; isso é um mero derrotismo, e a autorrepulsa permanece (e, com ela, a angústia e possível revolta).

A solução para isso é a aceitação: não de “sou assim e é isso, fazer o quê?”, mas sim de aceitar que não existem pessoas boas ou ruins; pessoas não cabem em tão poucas sílabas! Podemos fazer boas ou más ações, mas isso não nos enquadra em um ou outro recôndito moral.

É uma aceitação não no sentido de se sentir derrotado; é uma aceitaçáo no sentido de aceitar suas ações/consequências atuais, e agir diferente hoje/adiante, de não tentar mudar quem você é, mas sim de mudar suas ações.

”Eu agi de uma forma que não gosto;
porém, meus erros não condenam minha alma;
vou agir diferentemente de hoje em diante.”


Referências