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Sobre a centralidade da autonomia na vida

Autonomia não é independência

A noção de independência é algo que prevalece no imaginário popular sob o capitalismo, assim como uma mentira contada mil vezes torna-se verdade. Como se nossos ancestrais caçadores-coletores fossem indivíduos puramente independentes entre si! Nem mesmo precisamos fazer algum argumento a favor da eficiência da cooperação de indivíduos nessa época histórica; podemos simplesmente tomar o pressuposto que somos uma espécie gregária, como várias na Natureza.

O argumento contra a “sobrevivência do mais forte” na Natureza já foi feita por Kropotkin em seu livro Mutual Aid. Marxistas veem nessa colaboração inerente do mundo natural o que chamam de “relações dialéticas”, e seus estudos inevitavelmente remetem-os ao estudo de ecossistemas e sua harmonia1.

Sobre a opressão do Estado e do capital

O desenvolvimento do Estado moderno facilmente dá as mãos ao capital por seu inimigo em comum: (a autonomia do) povo comum – e se há algum dinheiro a ser feito neste combate (diz o Estado), tanto melhor!

Exemplo dos Enclosures

O Estado busca conformar os indivíduos, e o capital busca usurpá-los; tanto mais fácil torna-se usurpar os conformados, e tanto mais fácil torna-se conformar os usurpados (nem que seja pela violência).

Sobre “ser forçado a agir naturalmente”

O propósito da vida é a manutenção (do equilíbrio) da vida

Nâo se pode “cobrar” insetos de devastarem uma plantação ou um furacão de destruir uma cidade, assim como não se pode julgar um tubarão por ser afetado por sangue.

O fardo da responsabilidade é maior para aqueles que têm maior (auto)consciência da totalidade de que fazem parte. Logo, a espécie humana é claramente a mais responsável pela manutenção da vitalidade dessa totalidade: não só a vida das pessoas de sua comunidade, mas de todos os seres vivos que ali estejam inseridos; não só dos locais particulares em que vive, mas também da Terra como um todo.

O propósito da vida é a manutenção da vida, e tal manutenção depende de não destruir os equilíbrios das relações intra- e interespécies, o fluxo metabólico que rege esse todo.

Sobre a espiritualidade na vida

Questão de Dharma (ou “lutar o bom-combate”2) como esse algo que norteia a luta revolucionária.

A resistência explícita dos povos oprimidos às bombas e drones dos imperialistas não advêm puramente da lógica ou do medo: simplesmente age-se, e pensa-se depois; a ação que se segue é algo que simplesmente precisa ser feito, sem racionalizações durante seu ímpeto.

Sobre “nunca ter sido assim”

Não é sobre nunca ter sido assim para meus pais e meus avós. Trata-se de que meus filhos e netos tenham uma vida mais digna do que a História forçou-nos a viver.


Referências

Recomendações

Footnotes

  1. Embora particulamente não gostem de reconhecer tal harmonia como explicitamente anárquica.

  2. Que é, inclusive, o contexto no qual a temática de Dharma aparece no Bhagavad Gita: o combate dos Pândavas (liderados por Arjuna) contra os Kauravas.