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”É preciso estar atento ao fato de que não foi o desenvolvimento das ciências que mudou a ideia que temos de natureza, mas o contrário:
o desenvolvimento científico somente foi possível quando a natureza passou a ser algo exterior aos humanos na Europa do final da Renascença.” (DESCOLA, p. 41)

Philippe Descola elabora que o desenvolvimento científico europeu não foi a causa da cisão homem-natureza, e sim o contrário: é o fato de que passamos a conseguir enxergar a Natureza como um objeto externo que nos possibilitou realizar experimentos.

A cosmologia europeia da época alimentou o desenvolvimento científico

”[A cosmologia europeia] tornou possível a ciência, mas é preciso entender que essa cosmologia não é em si mesma o produto de uma atividade científica.
Ela é uma maneira de distribuir as entidades do mundo, ela é o fruto de uma certa época, que permitiu que as ciências se desenvolvessem.” (DESCOLA, p. 47-48)

Ou seja, é o fato de que a cosmologia europeia (após o século XV e XVI) passar a enxergar a Natureza como uma entidade externa à vida humana que incentivou que teorias científicas pudessem ser testadas, descartadas e aprimoradas, através de experimentos científicos.


References

  • DESCOLA, Philippe. 2016. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34.