up:: 0x4a2 MOC Antropo I

”Há, pois, segundo parece, uma relação entre a noção física de movimento aparente e uma outra noção que depende não só da física como também da psicologia e da sociologia: a da quantidade de informações suscetível de ‘passar’ entre dois indivíduos ou grupos, em função da maior ou menor diversidade das suas culturas respectivas.” (p. 11; grifo meu)

Lévi-Strauss elabora uma analogia entre o relativismo cultural e a relatividade galileana: enquanto na Física, o movimento é um fenômeno relativo entre dois corpos, observável somente quando ambos não estão na mesma velocidade, também a noção de uma cultura “avançada/atrasada” está relacionada com a diferença observada entre povos.

Na mesma analogia, ele elabora que, enquanto fisicamente é mais fácil observar um passageiro de um trem quando estamos à mesma velocidade que o mesmo, culturalmente acontece o contrário: tendemos a julgar justamente as culturas que são mais díspares do que as nossas, enquanto culturas similares às nossas “passam batido” ao olhar desatento. Culturais similares tendem a parecer mais normais que culturas distintas.

Toda cultura tem seus próprios interesses, coloca a si própria atividades que lhe dizem respeito, e que não necessariamente dizem respeito a culturas alheias ─ ou seja, toda cultura é passível de ser considerada como inerte por outras (pois O ‘etnocentrismo’ é universal em todas as culturas (Lévi-Strauss)), por olhar para o Outro através de seus próprios olhos.


Referências

  • Raça e História, Claude Lévi-Strauss.