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II. Antinomias do pensamento burguês

“A filosofia crítica moderna nasceu da estrutura reificada da consciência. Nessa estrutura, têm origem os problemas específicos dessa filosofia, que se distinguem da problemática das filosofias anteriores.” (p. 240)

  • Tönnies (história)
  • Cassirer — escolha de Marlburg

Transcendental: movimento do sujeito de tornar-se sujeito, dentro da imanência.
Transcendente: aquilo que se coloca fora da imanência e que exerce influência sobre ela (e.g. Deus). É aqui que está a fobia de “metafísica”.

Diferenças entre reificação e fetichismo, ainda não estão claras. Há menção de que a reificação aparece também na antiga Grécia, embora parcialmente. Há menção também (primeira parte) de que ambos são duas faces da mesma moeda.

É colocado que Kant chega ao limite da lógica formal, em que não é possível haver contradições — em que Hegel quebra com a pressuposição de lógica formal.

O conhecimento é colocado como processo: é algo de “infinitos passos” não pelo objeto-em-si, mas pela finitude dos sujeitos (nós) que o apreendem.

“Podemos igualmente dar como sabido que todo esse desenvolvimento filosófico efetuou-se em constante interação com o desenvolvimento nas ciências exatas, e este, por sua vez, interagia produtivamente com uma técnica que se racionalizava cada vez mais e com a experiência do trabalho na produção.” (p. 244)

Houve “racionalismos” ao longo da história, “no sentido de um sistema formal, cuja unidade se orientava na direção daquele aspecto do fenômeno que pode ser apreendido, produzido e, portanto, dominado, previsto e calculado pelo entendimento” (p. 244-5). O que muda são os materiais aos quais esse racionalismo se aplica, e o papel que é atribuído a este racionalismo “no conjunto do sistema de conhecimentos e objetivos humanos” (p. 245).

“O que há de novo no racionalismo moderno é que ele reivindica para si — e sua reivindicação vai crescendo ao longo do desenvolvimento — a descoberta do princípio da ligação entre todos os fenômenos que se opõem à vida do homem na natureza e na sociedade. Em contrapartida, todos os racionalismos anteriores nunca passaram de sistemas parciais.” (Ibid.)

A questão da irracionalidade, que escapa a tal racionalismo, “Quanto mais tal sistema racional e parcial é ligado a essas questões ‘últimas’ da existência, mais cruamente revela-se seu caráter simplesmente parcial de auxiliar e que não apreende a ‘essência’.” (p. 245).

Wrapping up

O objetivo da filosofia seria não só de reconhecer o conhecimento das formas do mundo como histórico (Kant), mas também de ver as formas do mundo como históricas em si — em particular, configuram-se de acordo com as formas de objetividade de uma época histórica (p. ex. capitalismo).

Idealismo-subjetivo: hipóteses sobre o sujeito (Kant) vs idealismo-objetivo: hipóteses sobre o objeto (Hegel).

A totalidade em si não é (necessariamente) totalmente cognoscível — ela, em si, não é empírica! Tal totalidade, portanto, cria várias antinomias, que são, no entanto, legítimas. Lukács evidencia (parece) que Kant o reconhece, e, portanto, rejeita tal visão, como “metafísica”, pois, ao criticar a visão metafísica de reconhecer a totalidade objetiva por uma visão subjetiva, rejeita a totalidade em si.1

Debate da totalidade burguês é reduzido à forma — matemática —, portanto é dissolvido, dissimulado: atomizado, etc. A totalização matematizante é formal.


Referências

  • Lukács, G. “A reificação e a consciência do proletariado”. In: História e Consciência de Classe. Martins Fontes, 2003.

Footnotes

  1. Kant considera-se como anti-idealista por este motivo (Hegel também, similarmente). O motivo de que seja(m) idealista(s) é mais sutil do que o que diz(em).